Preocupa-me sobremaneira estas notícias que a crise (já não suporto a palavra) também nos traz.
Os jornalistas do "Público" cumpriram um dia de paralisação contra o despedimento colectivo de 48 trabalhadores:
"Para lá da injustiça que representa para os trabalhadores, o despedimento colectivo comprometerá irreversivelmente a continuidade do Público como um jornal de referência", refere a notícia.
É exactamente assim, uma imprensa livre e de referência pressupõe uma imprensa independente de interesses, de partidos ou credos religiosos.
Ou de financiadores directos...
Uma imprensa livre que investiga, mostra, conta, expõe, denuncia interesses e informa o cidadão - é um garante de qualquer democracia saudável.
A independência económica é vital para o acima enunciado se concretize - E nada se faz sem financiamento, já se sabe...
Mais, diria até que uma imprensa livre, isenta e atenta foi sempre vital para a denúncia de abusos, para o esclarecimento do cidadão comum e para a formação de uma opinião mais esclarecida de todos nós.
Quantas vezes não foram os Jornais que impediram maiores abusos da classe dirigente ou do grande capital?
E todos usufruímos desse trabalho de investigação e divulgação da verdade, não foi?
Já para não lembrar que foram também os jornais que nos ajudaram a resistir contra a tirania, como tantas vezes aconteceu no passado não tão recuado do nosso país...Não era em vão que os Jornais eram censurados com o famoso lápis azul da PIDE que, no gesto persecutório, lhe reconheciam a importância social.
Dito isto, lembro também que a grande fonte de financiamento dos jornais é a publicidade e, como se sabe neste momento, ela está muito, muito reduzida. As empresas procuram sobreviver e a publicidade tem sido sacrificada como se vê por aí.
Por isso e quando tantos se perguntam de que forma podem contribuir para a mudança de paradigma do país e para a saúde da nossa depauperada democracia, e entendem que manifestações ou protestos colectivos ou privados não estão na sua natureza, atrevo-me a fazer uma proposta: De vez em quando, mesmo neste período de contenção para todos, comprem um jornal uma ou duas vezes por semana. Serão apenas 1€ ou 2 €, mas para a tiragem do jornal fará alguma diferença e eles poderão continuar a existir como até aqui - com isenção e sem dependência directa de quem os financie e, portanto, os condicione...
Para que a verdade tenha sempre um espaço livre e acessível a todos, há que dar da nossa parte, se possível, este pequeno contributo.
No final, todos os contributos contam.