Quarta-feira, 21 de Março de 2012

 

 

 

 Passei aqui ontem a caminho da resolução de assuntos pouco agradáveis...

Na volta, procurando "reciclar-me" e  "depurar-me", parei a meio desta lindíssima ponte pedonal que temos sobre o rio Mondego ( evoca os amores trágicos de Pedro e Inês de Castro) e fiquei por ali uns minutos..

Parada, a olhar o rio que corria manso...

Procuro fazer estas pausas quando a pressão me acossa e rodeia...

Assim pacifico-me e não me precipito em decisões ou palavras.

Os últimos dias (as últimas semanas) andam a exigir muito de mim e existem momentos que tenho que parar literalmente uns minutos e recordar (voltar) à minha essência, para que ela permaneça sempre como pano de fundo em mim, aconteça o que acontecer...

Assim não me "perco"do meio deste turbilhão.... 

Recordei Miguel Torga que o fazia ciclicamente a poucos metros dali (o memorial erigido nas primeiras fotografias, celebra esse seu hábito). 

Saía do seu consultório na Baixa (era o médico Adolfo Rocha) dirigia-se para junto do rio e contemplava-o...

Meditava e escrevia depois sobre estas pausas e sobre a paz que exercia sobre ele o rio que atravessa a nossa cidade.

E fazia-o com este saber e sensibilidade que só os poetas conseguem ter:

 

“De todos os cilícios, um, apenas,

Me foi grato sofrer:

Cinquenta anos de desassossego.

A ver correr, Serenas,
As águas do Mondego
 
Miguel Torga - Diários



publicado por Marta M às 22:09
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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