Passei aqui ontem a caminho da resolução de assuntos pouco agradáveis...
Na volta, procurando "reciclar-me" e "depurar-me", parei a meio desta lindíssima ponte pedonal que temos sobre o rio Mondego ( evoca os amores trágicos de Pedro e Inês de Castro) e fiquei por ali uns minutos..
Parada, a olhar o rio que corria manso...
Procuro fazer estas pausas quando a pressão me acossa e rodeia...
Assim pacifico-me e não me precipito em decisões ou palavras.
Os últimos dias (as últimas semanas) andam a exigir muito de mim e existem momentos que tenho que parar literalmente uns minutos e recordar (voltar) à minha essência, para que ela permaneça sempre como pano de fundo em mim, aconteça o que acontecer...
Assim não me "perco"do meio deste turbilhão....
Recordei Miguel Torga que o fazia ciclicamente a poucos metros dali (o memorial erigido nas primeiras fotografias, celebra esse seu hábito).
Saía do seu consultório na Baixa (era o médico Adolfo Rocha) dirigia-se para junto do rio e contemplava-o...
Meditava e escrevia depois sobre estas pausas e sobre a paz que exercia sobre ele o rio que atravessa a nossa cidade.
E fazia-o com este saber e sensibilidade que só os poetas conseguem ter:
“De todos os cilícios, um, apenas,
Me foi grato sofrer:
Cinquenta anos de desassossego.