Esta semana foi intensa de trabalho na escola, tivemos uma série de actividades a cuja logística foi preciso dar resposta técnica, o que significou que na 6ªf, por exemplo, montámos e desmontámos um palco por duas vezes, tentando perceber se o tempo ia ser nosso cúmplice e podíamos realizar a nossa actividade no pátio da escola. Não foi, como se sabe.
Por isso, todo o trabalho de montar e desmontar palco, cadeiras, colunas, decorações, barraquinhas de comida e de outras temáticas, foi extremamente físico, exigente e demorado. E nessa empresa morosa de repetir gestos e carregamentos, mãos ocupadas, o pensamento ficou livre.
E quando passamos uns pelos outros pela 20ª vez, pois concentramo-nos na tarefa que nos cabe e a mente voa...E eu a aproveitar para arrumar ideias...E indagações.
Por isso, entre idas e vindas, fui recordando e dando sentido a estas palavras sábias, lidas no dia anterior, do livro do kabat Zinn que me acompanha, que me ajuda a pensar e que hoje partilho aqui com muito gosto:
"O espírito de indagação é fundamental para viver em consciencialização. Indagar não só uma maneira de resolver problemas.
É um forma de se certificar que permanece em contacto com o mistério básico da vida em si e da nossa presença aqui.
Quem sou eu? Para onde vou? O que é que significa SER? Qual é o meu papel no planeta?
Indagar não quer dizer procurar as respostas, especialmente rápidas que surgem do pensamento superficial. Significa perguntar sem esperar respostas, apenas ponderar a pergunta, transportando a dúvida consigo, deixando-a infiltrar-se, borbulhar, cozinhar, amadurecer, entrar e sair da consciência(...).
Indagar significa fazer perguntas incessantemente.
Será que temos coragem de olhar para algo, seja o que for, e perguntar: o que é isto? O que é que se está a passar?
Implica olhar profundamente durante um período contínuo,perguntar, perguntar.
Quais são as ligações? Qual seria a solução mais feliz?
Indagar não é tanto pensar em respostas, embora as perguntas produzam muitos pensamentos que se parecem com respostas.
Aquilo que implica realmente é apenas ouvir o pensamento que a pergunta invoca, como se estivesse sentado ao lado de uma corrente dos seus próprios pensamentos, a ouvir a água correr por cima e em volta das pedras, a ouvir, a ouvir e a observar uma folha ocasional ou um ramo que esteja a ser levado."
Engraçado como a meditação também pode ocorrer entre tarefas mecânicas, ou partir de uma focagem mais centrada em qualquer actividade (como me lembrou a minha amiga Manu há algum tempo)...
Basta que estejamos um pouco mais silenciosos e concentrados e deixemos a mente viajar, permitindo que os pensamentos se apresentem a nós...
Sem os tentar controlar.
É um exercício muito interessante e pacificador....
E a tarefa, repetitiva e desinteressante, ficou muito mais leve e rápida.
:)