Quando os meus filhos eram pequenos costumava cantar com eles. E fazíamo-lo alto e a bom som no carro, a caminho de casa.
As nossas canções preferidas eram as do álbum Brincando aos Clássicos dos Queijinhos Frescos com a Ana Faria.
Trouxesse o dia o que fosse, ir buscá-los ao colégio, abraçá-los e e levá-los para casa comigo, compensava tudo. Tudo.
Hoje aqueles meninos estão grandes e, mesmo que os procure com empenho e em todos os cantos da casa...Aqueles pequeninos de olhos brilhantes e atentos...Não os encontro.
Já não andam a correr pela casa.
E tenho tantas, tantas saudades deles que me dói o peito, acreditam?
A impermanência de tudo e de todos os momentos, também os alterou e junto com o meu esforço, os fez crescer e evoluir.
Pois não foi para isso que lutei tanto?
Há dias em que constato que só ficaram mais altos, outros parece que cresceram e amadureceram tanto que me enchem de orgulho...E ultrapassam-me em inúmeros campos.
Sei que não devia ser assim - é mais forte do que eu - mas a época em que os meus meninos foram pequenos e em que eu caminhava, com um de cada a lado pela mão, fazia-me sentir invencível.
E feliz - em toda a essência da palavra.
Voltar a esta época é uma tentação, voltar a cuidar deles também.
Abraçá-los e receber os seus abraços é algo de que nunca me hei de fartar.
Nesta semana em que o meu filho viajou a trabalho para os EUA e lhe perderam a mala com todos os seus haveres, mal recebo o seu telefonema aflito e muito aborrecido, pois só me apeteceu correr em seu auxílio...
Mas ele não precisa desse resgate, sei que ele há-de dar conta da situação, provavelmente de forma muito mais eficaz do que eu...
Só que, a situação e a distância foram o suficiente para desatar todas estas lembranças bonitas que tenho, como tesourinhos sagrados, dentro do meu coração.
E cá estou eu outra vez a falar do mesmo, não é?