O sorriso e o riso têm essa capacidade de olear as relações ou desanuviar os ambientes mais tensos...Não me restam dúvidas dessa evidência.
Mas também sinto que o gesto é hipervalorizado e, nessa inflação de valores, exigido em excesso.
Porque me parece que temos que ser sempre inteiros em qualquer momento da nossa vida e que ela tem momentos para tudo e para todos os sentimentos que atravessam a nossa alma, pedir a todos que sorriam (ou riam) continuamente, é quase uma exigência injusta e limitadora da nossa condição humana.
Como já referi por aqui, sorrio muitas vezes e uso esse gesto para a maioria das relações sociais, profissionais e familiares com que me deparo...
Mas não sorrio sempre.
Provavelmente apenas em contadas ocasiões dou uma ou outra gargalhada. Só mesmo quando me saí da alma e nunca por conveniência ou para preencher um vazio social...E isso faz com que as pessoas me tomem por demasiado séria e, provavelmente, menos simpática? Talvez...
Mas é algo que me define e, portanto, está acima da consideração de quem quer formatar tudo e pedir a todos que reajam por igual.
Pessoalmente, entendo que a falta de atenção, de cortesia ou consideração pelos outros, são muito mais difíceis de gerir do que algum silêncio e contenção social.
Optimista por convicção inabalável de que "melhor é possível" (L.A) e pela natureza da minha profissão, recuso-me, no entanto, a alinhar nessa "obrigação" social que exige a todos que sejam divertidos a todas as horas. Compreendo o desconforto que a ausência da risota encadeada provoca nos convívios sociais, mas...
Sinto muito, há dias em que não é possível.