Andamos às voltas com um problema muito delicado na escola. Involuntariamente, eu que normalmente nunca estou "metida" nesse tipo de questões que me passam literalmente ao lado, por efeito de contágio e por estar em serviço substituição do colega em causa, pois tenho feito parte do "processo" -chamemos-lhe assim...
A questão é complexa e abstenho-me de a explicar por ser muito específica e particular da nossa escola (entre direcção, pais e professores) e, portanto, vou apenas cingir-me a algo que me incomodou pessoalmente.
Este ano sou directora de turma e, por inerência do cargo, mais visível e conhecida na escola - quer pelos professores quer pelos encarregados de educação.
Provavelmente por isso e porque o "problema" fervilha todas as semanas, alguém pensou que eu, novata na escola e arrastada para a contenda, precisaria de aconselhamento prático e deveria marcar posição e assumir um dos lados.
Assim, uma colega que provavelmente adora o som da própria voz, aproximou-se de mim e, malgrado o meu ar surpreso, começou a dizer o que pensava da situação e de como, segundo ela, eu deveria proceder. Literalmente.
E deu-me dezenas de conselhos que eu nunca pedi...
E falou, falou... e eu a olhar e a pensar para os meus botões quanto tempo mais iria ela falar apesar de eu lhe reponder pouco mais do que:
- "Pois, sabe, é complicado..."
No fim, tudo dito, ainda me colocou a mão no braço e concluiu: "Depois, dizes-me o que ele te disse e correndo bem, agradeces-me." - Sorriu e, dever cumprido, sem perguntar o que eu pensava do que fora dito, seguiu satisfeita o seu caminho.
Fiquei ali a pensar, não tanto no que fora dito, porque me pareceu tudo intriguista, desnecessário e nada na minha linha...Mas principalmente no facto de que algumas pessoas estão tão centradas em si próprias, tão satisfeitas consigo mesmas e com as suas verdades absolutas que, nem se dão conta que, quem têm à frente, não está minimamente em sintonia com elas. E pior, nem sequer se detêm um minuto a estudar o impacto e interesse que a as suas palavras está a suscitar...Subestimam o outro em toda a linha.
Escutei-a com a paciência e cortesia que me é habitual e porque percebi que ela precisava mesmo de se fazer ouvir..E a sala estava quentinha e era intervalo... :)
Fiz a minha parte. Sabia que, depois, seguiria o meu caminho com a mesma postura de sempre. Deixei-a então falar e fazer o seu.
Há pessoas que não querem ouvir ninguém e menos ainda trocar ideias. Por isso as contendas se perpetuam.
E é por isso que tanta gente apenas discursa e fala sozinha... Mesmo com pessoas à frente.
Um microfone bastar-lhes-ia.