Quinta-feira, 11 de Julho de 2013

Queridos amigos:

Volto hoje, apesar de estar numa época de reserva e recolhimento, porque estou a tentar crescer...

E crescer, leva energias, concentração e ...tempo.

Volto hoje, apenas para celebrar a Luz da Alice.

E porque lhe prometi que o faria no meu blog.

A vós todos, quero que saibam que continuam no meu coração e que,

cá em casa, tudo está um pouco melhor :)

Alice

Conheci a Alice há mais ou menos 3 anos.

Estava numa consulta de rotina com a minha filha e ela, voluntária do IPO passou por nós, atarefada e atenta, duas, três vezes...

E eu vi-a.

Comentei com a minha filha que aquela senhora tinha um luz forte e uma energia que se parecia poder tocar... A sala de consultas iluminava-se com o seu sorriso e passagem. E tratava-se alguém muito magra e com a ausência de cabelo que denunciava que, para além de voluntária, estávamos em presença de alguém que estava a meio de um tratamento de quimioterapia...

Sim, o seu corpo estava fragilizado, mas a sua alma estava resplandecente e a sua boa-vontade e ânimos contagiavam.

Não consegui resistir e disse para a minha filha que "tinha" que falar com ela, apesar dos seus rogos em contrário, fui.

Claro que fui recebida com um sorriso e com uma simpatia que nunca esqueci.

Não me enganara, a forma como a Alice falou, o entusiasmo e sabedoria do que disse e a sua disponibilidade serena para aceitar o que a vida lhe enviara - foi uma lição que nunca esqueci. Soubera da doença numa consulta ali mesmo, sozinha, e guardara-a para si durante mais de 24h porque.. era o dia do seu aniversário e não queria estragar a festa que a família preparara, nem entristecer o seu marido...

E contou-me como aguentou todas aquelas horas que pareciam não ter fim até que, todos atendidos e acarinhados, se foram embora para casa e ela pôde ficar sozinha...Com a sua circunstância e diagnóstico.

Nessa noite não dormiu e passou-a na varanda a pensar, a "pesar"...

E resolveu que havia de resistir e lutar - fosse como fosse.

Não era o fim do mundo - E não foi.

E haveria de dar um sentido a tudo o que lhe caia em cima

Partilhou tudo isto comigo, sem me conhecer e abriu-me a alma. E  eu abri-lhe a minha.

O tratamento era duro e exigente e ela a tudo correspondia e aceitava. Em paz. E sorrindo, pelo que vi e me contam.

Mas não era um riso alienado, ou de fuga..Era um sorriso sereno e cheio de vida, luminoso - porque sabia que, se essa provação viera à sua vida, era por alguma razão... E a razão foi "abrir-se", "dar-se".

Abriu-se aos outros, aos que sofriam como ela e resolveu partilhar, generosamente, as poucas energias que às vezes sobravam dos dias de tratamento.

Desde essa altura, e apenas com alguns intervalos em que a saúde não lhe permitia, tornou-se voluntária no IPO.

Hoje reencontrei-a e, papeis invertidos, reconheci-a pelo olhar, novamente, na sala de espera.

Mais cansada e mais magra, mas o mesmo sorriso e a mesma disponibilidade. E a mesma aceitação hoje, iniciado novo ciclo de quimioterapia....

Reconheceu-me e, rodeada de amigas, e fez questão de se levantar para me abraçar. Não faltavam braços para a acarinhar e  amparar, como se a vida lhe devolvesse o tanto que dá de si aos outros.

Agradeci-lhe tanto...

Foi por ela que estava ali, foi pelo seu exemplo que me tornara, também eu, mais disponível. E mais atenta.

A Alice é corajosa e lúcida, todos os que trabalham com ela o reafirmam.

E sublinham algo que se percebe à distância: é luminosa e inspiradora.

Concordo e agradeço este luxo que é poder partilhar e ser inspirada por alguém assim,que nos acrescenta, nos interpela e levanta a fasquia da qualidade para todos nós.

Obrigada de coração Alice.

Força, que estamos todos aqui a torcer por si! {#emotions_dlg.orangeflower}

:)



publicado por Marta M às 19:18
Sábado, 30 de Março de 2013

Amigos:

Este ano tem sido se não o mais, pelo menos um dos mais difíceis da minha vida.

Não porque o meu pai ainda leva tempo a restabelecer-se, ou porque não encontro  uma escola, ou porque a minha coluna me doeu e incomodou durante mais de dois meses, ou porque a economia obriga a exercícios orçamentais como nunca...

Não foi nada disso que me fez recolhar desta forma.

O  que se passa há quase um mês é que a minha filha querida está doente e não é algo fácil de debelar.

Surgiu-lhe do nada, num sábado à noite, uma crise aguda e persistente de Acufenos (zumbidos) no ouvido direito e, desde esse dia, nunca mais desapareceram. Dia e noite.

Confiantes que fosse passageiro, ainda tentámos tratá-los e correr um Otorrino atrás do outro à espera do milagre. Foram 3 dias sem dormir até que, se colocou a hipótese de a internar numa Clínica de sono à procura de descanso e alívio.

Não dá para explicar melhor a experiência traumatizante e as primeiras noites que se que se passaram nesta casa...

Foi o desânimo e a impotência que podem imaginar...

Nada parecia conseguir aliviá-la na primeira semana. Foram momentos  muito duros.

Entre as duas perdemos 3 ou 4kg....

Depois, como sempre acontece, a pessoa certa chegou a nós ou nós chegámos a ela, e iniciámos um abordagem multilateral ao problema (que no fundo é um sintoma, não um doença em si) e entre tratamentos farmacológicos, acupunctura e neuro-psicólogo, o som começou a baixar e a dar alguma trégua. E minha filha conseguiu voltar a dormir à noite.

Estamos assim, correndo por entre dias pesados, com melhoras lentas, mas que nos trazem esperança e luz para continuar a luta.

Há uma razão para tudo, eu sei, e  dentro de nós existe muito mais força do que inicialmente conhecemos.

Por isso, sem desistir, continuaremos a nossa luta e todos os tratamentos prescritos.

Entretanto desejo a todos uma Santa Páscoa com o carinho de sempre.

Eu e a minha filha.



publicado por Marta M às 22:11
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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