Existem algumas situações que nos fazem pensar...
Mais uma vez assisti emocionada e orgulhosa às comemorações do 25 de Abril.
Toda aquela coragem, dignidade e boa-fé dos que deram os passos iniciais e a adesão do povo que, desde a primeira hora esteve lá e não se conteve no entusiasmo, constituíram um exemplo para o mundo e ampliaram o horizonte colectivo deste país...
Mas ao mesmo tempo que o fazia, ficavam-me esta sombra e esta pergunta a bailar na cabeça:
-Onde foi parar a vontade e a alma deste povo?
Nota: Estou menos palavrosa, mais introspectiva e questino-me continuamente: Será que ainda consigo "pensar" fora da caixa?
Sempre encontrei imenso sentido na declaração deste filósofo Dinamarquês -Kierkergaard.
Esta semana ela voltou a ressoar oportunamente dentro da minha cabeça.
Num tempo um pouco exigente demais para mim e porque sei (sinto) que devo apostar no que é positivo e que me abre horizontes, faço o que sempre fiz - procuro inspiração e... Sigo.
E encontro-a nos meus livros e, em todos aqueles que, mal grado as difíceis circunstâncias que os rodeavam (neste caso todo um país?), ousaram pensar pela sua cabeça e não abdicaram dos seus valores... E tinham tudo o ganhar se o fizessem. E ninguém os criticaria...
Mas, com todos os atenuantes, não cederam.
São pessoas assim que me fazem nunca perder a esperança na humanidade e na força de um gesto individual.
Voltando atrás no tempo e tentando colocar-me no lugar deste homem que inicialmente pertencera ao partido Nazi e, que usando o coração e os seus valores humanistas, contraria posteriromente aquela ideia dominante de que, todos apoiavam a barbárie Nazi por medo ou convicção, recusando-se à saudação acéfala... Gesto que lhe poderia custar a vida ou a liberdade.
Mas ali está ele, contra toda a conveniência, contra a corrente.
Haverá maior demonstração de coragem?
Sem euforia, sem a adrenalina que é o motor de tantos que se dizem "corajosos"...
Ali no meio da multidão que reponde ( mentindo no gesto ?), que alinha, ele permanece na sua decisão e o seu cruzar de braços e silêncio é o grito que fica ecoar mais alto.
Nada de comparável com as nossas dificuldades, eu sei, nada de tão exigente e perigoso nos é pedido.
Com as devidas distâncias e proporções, continuo a achar que pessoas assim que ousam, que persistem, que acreditam em si e no seus valores, quando seria mais fácil (e cómodo) alinhar e são coerentes no gesto e na vida, merecem continuar a ser modelos e a inspirar-nos quando queremos, simples e humanamente, deixar-nos ir na corrente e... "desanimar".
Não pode ser, pois não?
Nota:
Marcolino, meu amigo: Aqui fica para si, o sorriso :)
Obrigada.
Às vezes fico a pensar se determinadas atitudes são de coragem ou de covardia..
Por exemplo: Atirar tudo o que penso (ou tudo o que me vem à cabeça) para cima de alguém, limpando a garganta e o coração, é coragem?
Será que tenho esse direito?
Será que despejar sobre alguém sacos e sacos de acusações misturadas com a nossa frustração, faz bem a nós e ao outro? Ou só a nós?
E quando não se deixa passar a oportunidade e, covardemente, aproveitamos a ocasião em que alguém está na berlinda e, portanto, é a um alvo mais fácil e fragilizado e esvaziamos o saco dos assuntos pendentes ...Não será isso covardia das piores?
E quando não temos justificação racional (nem no coração) para um destempero e excesso e escapamos pela lateral, justificando-nos com as palavras e acusações de outros, cruzando abusivamente relações e problemas de 2, em consequências para 4 ou mais?
E quando alguém legitimamente magoado nos pede responsabilidades e justificamos os nossos actos pelas atitudes do outro?
O certo é que cada um é responsável por si, pelas suas palavras... e faz as suas próprias escolhas, digo eu.
De facto, nos últimos tempos, tenho assistido muitas destas fugas, assim...Pela lateral. E com muito barulho e adjectivos associados.
Parecem fortes assim juntos, a tentarem falar a uma só voz...
Mas não será por fraqueza que se associam? Por insegurança?
Pois, nem tudo o que parece coragem o é, de facto.
Nem tudo é claro à primeira, mas se olharmos com atenção e tempo -entendemos.