Este pequeno excerto do filme O Padrinho II (The Goodfather) , causou em mim, logo quando o vi há uma dezena de anos, uma enorme sensação de empatia com a personagem. E que ficou desde essa altura a ressoar em mim...
Sei exactamente como esta personagem se sentiu.
Ser arrastada para uma situação que nos causa até uma certa repulsa (e da qual nos tentámos afastar com todas as nossas forças) é, para os que já se viram nessa situação, algo que nos faz mal durante muito tempo.
Às vezes porque se é próximo ou familiar, usa-se essa circunstância involuntária, para arrastar outros para situações com as quais nada se tem a ver ou em nada se parecem com a forma como cada um quer viver a sua vida...
Toma-se posse da vida dos outros e do seu espaço de manobra, usando essa ligação para manipular ou para se usar os outros sem pudor, quando esse laço (?) deveria significar apoio, carinho, solidariedade e obviamente respeito por cada um e pelo seu espaço privado.
E coarcta-nos a liberdade de viver a nossa vida, legitimamente, à nossa maneira.
Arrastados que somos, sem grandes alternativas, restam-nos usar de atitudes pouco simpáticas, às vezes duras de concretizar, mas que somos obrigados a enfrentar para não ficarmos mal connosco mesmos.
Valham-nos os poetas que, como sempre, o explicam bem melhor do que eu...
A história da moral
Você tem-me cavalgado
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo
Alexandre O´Neill