"Quero falar-te dos meus sentimentos " de Mamoru Itoh
Penso poder afirmar com alguma segurança que este sentimento (fraqueza?) é quase universal, em um momento ou outro, todos nós tentámos (tentamos?) compensar algum tipo de frustração com compras das mais diversas qualidades.
Podem ser sapatos, roupas, objectos decorativos, outro corte de cabelo ou até um folhado altamente calórico...
Penso que ninguém negará que, em algum momento, já comprou coisas por impulso que depois se revelam de difícil utilidade e justificação...
É um clássico, acredito.
Conheço bem a velha máxima de quem não consegue entrar num supermercado ou Centro Comercial, sem comprar nada.
Eu, que não escapo à regra, sou um caso semelhante...com livros.
Adoro livrarias, perco-me nelas e adoro o ar que lá se respira.
Aquelas estantes cheias de livros bem alinhados, cada um guardando uma mensagem diferente, onde diversos autores abrem janelas para as suas almas é algo que me fascina, quer pelo mistério que representa cada livro quer pela abertura de perspectivas e de aprendizagem que me trazem.
Cada livro é um mundo e são todos diferentes, como as pessoas com quem nos vamos cruzando. Depois é só escolher, como quando queremos conversar a sério e com substância com alguém, ou simplesmente descontrair, e sabemos intuitivamente com quem fazê-lo. Com livros é o mesmo.
Persiste sempre o mesmo dilema - qual escolho? Qual levo para casa hoje? E os outros que já levei e, empilhados por toda a casa, aguardam que lhes dedique a atenção que merecem?
Sim, o dilema de escolher um livro (e acrescentá-lo à família) é sempre grande e desafiante, mas o certo é que, por muito ou pouco que demore a escolha, raramente saio da livraria sem um.
Já não sei o que hei de fazer. Consolo-me, justificando que existem vícios piores...Ainda que este não seja dos mais baratos, eu sei.
Esta semana, quando a minha filha me pediu que passasse na Bertrand à procura um livro técnico, já sabia que, para além de me "perder" por lá não vinha para casa sem trazer outro para mim...
Porque este mês os gastos aumentam, procurei alternativas mais "light" por assim dizer, e na prateleira das promoções, lá estava ele - 7,00€ - simpático e desafiante a olhar para mim.
Já esta cá em casa e já foi lido e relido.
"Quero falar-te dos meus sentimentos" de Mamoru Itoh- 2009, é um livro pequenino sobre "escutar" verdadeiramente os outros. E nesse exercício, importar-se realmente.
Mais do que a disponibilidade para escutar, o essencial é fazer sentir o outro que "quero ouvir-te falar dos teus sentimentos".
A partir de desenhos com um traçado muito simples de um bonequinho que atira uma bola a outro(s), o autor vai reflectindo em cada jogada e prende-nos dizendo coisas sérias e profundas com palavras muito simples.
Como estas:
"Se está verdadeiramente a ouvir;
e se está preparado para compreender, será fácil para a outra pessoa falar.
Mesmo que a bola seja difícil de apanhar, ou tenha sido atirada debilmente,
se fizer o seu melhor para a apanhar...
Consegue."
Pois consegue, digo eu ;)