O impacto das nossas acções
Vejo imensas vezes amigos, família e tanta gente diferente tomar decisões, de forma definitiva, tendo ponderado durante algum tempo a decisão. E fico contente por isso, aceito-o (como não?), eu mesma costumo ser muito ponderada antes, mas uma vez escolhido o rumo, levo até ao fim a decisão tomada.
A questão não é essa, a questão é que no afã de cuidarmos dos nossos legítimos interesses, às vezes esquecemos que estamos demasiado ligados uns aos outros e que fazemos parte de um todo: família, amigos, conhecidos...
A questão é que imprescindível e vital somar bem todas as variantes em causa.
Esta ligação que nos une a quem nos estima, ama (amou?), nos conhece, nos cuidou, nos acompanhou ou esteve lá para nós em diferentes momentos da vida, tem que pesar.
Tem que estar na equação.
E o que constato é que, às vezes, não está na medida em que merecia.
E merece estar e merece que façamos um enorme esforço por nos colocarmos no lugar dos outros e, nesse exercício tentemos "minimizar" o impacto.
Em tempos conturbados custa muito encontrar um rumo, sei-o demasiadamente bem, mas os sentimentos dos outros não podem ser totalmente subalternizados aos nossos. E porque nenhum "homem é uma ilha" e não vive sozinho, inúmeras vezes, as nossas decisões vão virar de pernas para o ar a vida dos que amamos e dos que nos merecem consideração.
Principalmente porque não é possível prever todas as consequência, ou nalguns casos nem parte delas, há que ir com cuidado e delicadeza, mesmo quando temos pressa e mesmo quando já não aguentamos mais... Porque "os outros" estão lá e, às vezes, também tem tudo a ver com eles. Ou eles irão também pagar parte da "factura".
Nunca sabemos realmente o alcance final das nossas decisões.
De facto, controlamos muito pouco...
Nesta semana peculiar pude constatar como até a "crónica de uma morte anunciada" de um casamento teve o impacto de uma bomba atómica na família próxima, na alargada e até nos amigos próximos...quando foi confirmado o desenlace.
O choro, a tristeza e a desilusão de todos perante o fracasso de um projecto que no fundo também era de todos, que começou com uma festa linda e que já inclui uma criança muito amada que agora verá o seu mundo mudar , foi algo que entristeceu e desanimou a todos, de ambos os lados da questão...
Mesmo sabendo que, por mais cuidados que se tenha, em algum momento, inocentes poderão vir a pagar pelas decisões que legitimamente tomamos, há que ter então um cuidado acrescido no "como", no "quando" e na "forma" como o vamos fazer.
A ligação que temos uns com os outros não pode ser "usada" e "desligada" ao sabor das nossas conveniências...
Os outros também existem e acompanham as nossas alegrias e as nossas tristezas.
Os que nos amam/estimam sofrem connosco - É bom não o esquecer, também.