Quarta-feira, 24 de Agosto de 2011

Ilha da Berlenga -Portugal

Quantas coisas cabem acontecer em 48h? Poucas à partida, se pensarmos em muita planificação, não é?

Mas se deixamos que a vida flua, pois nem se imagina o tanto que nos pode surpreender...E porque será que não aceitamos isso e...nos deixamos ir?

Bem, posso avançar muitas explicações (adoro procurá-las..)...mas o certo é que parece ser necessário ao nosso equilíbrio interior ter assim uma espécie de controlo e não nos deixar levar pelo imprevisto e pelo seu potencial tão assustador. Pois...como se a planificação feita ao milímetro, nos colocasse a salvo fosse do que fosse.

Enfim, mais fragilidades da nossa condição.

Amigos, as últimas 48h da minha vida foram intensas, extremadas e imprevistas até certo ponto. Pensei, há duas semanas quando fiz os planos para este programa de custos limitadíssimos, que uma dormida próxima de Óbidos ( os meus filhos adoram pernoitar em hotéis) e uma viagem de barco rumo às ilha da Berlenga naqueles pequenos barcos que fazem a travessia mar dentro, pois já seria aventura suficiente para sair da rotina e chamar-lhes assim uma espécie de férias em família.

Estavam todos entusiasmados, eu incluída, apesar de não ser nada adepta destas aventuras naúticas. A expectativa foi ampla e agradavelmente superada. Todos adoraram a viagem de barco em mar alto (15km em 50m) e a aportagem numa ilha em estado quase selvagem e cheia de grutas misteriosas.

A imensidão do mar alto e a fragilidade daqueles barcos para 12 passageiros impõe respeito. A mim em particular impôs tanto que não larguei a cadeira onde vim firmemente sentada, nem o corrimão que segurei forte e convictamente como um salva-vidas, tanto na viagem de ida, como na de volta :)

Sim amigos, imaginam bem, um exagero...Mas eu sou assim, e se falamos de aviões..

Em casa já sabem que actividades que envolvem oscilações, descidas e subidas repentinas, não são para a mãe - definitivamente.

Durante o trajecto, entre medo e enjoo, de olhos fechados lá fui fazendo a minha arrumação mental e tentando perceber porque me incomodam tanto os trajectos das viagens que tanto desejo fazer...Não entendo. Acredito que seja algo fisiológico ou mais profundo, do meu inconsciente, porque nunca tive uma má experiência, nem sequer sou uma pessoa que se amedronta com facilidade. Não se encaixa no meu perfil, mas ocorre e é superior a mim.

Passada a travessia, o dia foi muito bem passado e foi um deslumbre caminhar por aqueles caminhos inclinados que recortam a ilha de uma ponta à outra. O Farol, a imponente Fortaleza do séc.XVI (que entra literalmente pelo mar), o passeio noutro barco que entra pelas grutas dentro e nos faz sentir integrados na rocha que sustenta a ilha, a paisagem geral da reserva natural e o facto de estarmos rodeados pelo Atlântico por todos os lados, cria uma ambiência que nos transporta a uma outra dimensão e parece que saímos do país. Pelo menos do país e da vida como a conhecemos diariamente. Depois foi o outro lado da vida que se impôs..

No mesmo dia, extenuados e já de volta, fomos confrontados com uma notícia que nos entristeceu muito. Falecera, de forma mais ou menos inesperada, com 89 anos,  a mãe da madrinha da minha filha, ali mesmo, em Peniche. Coincidências ou não, estávamos ali e ficámos a acompanhá-los.

A madrinha que nos telefonara sem saber que estávamos tão perto, veio de Lisboa e procurámos abraçá-la, acompanhá-la e dar-lhe nesses gestos simples, algum conforto.

Acredito que não foi apenas uma coincidência e falámos sobre isso e sobre estes caminhos que a vida tece e como junta e separa as pessoas.. Independentemente da nossa cuidada e atempada planificação.



publicado por Marta M às 21:42
Amiga Marta
E neste caminho que nos juntou acredita que embora pareça que me "separei", continuo contigo sempre neste cantinho e no coração. Só não tenho comentado porque não tenho conseguido expressar o que sinto quando te leio e o que sinto mereceres. Já estou para aqui vir escrever há uns dias, mas tu antecipaste-te lá no "Optimismo" e não imaginas o contentamento que me deu. Este ano lectivo parece que nunca mais acabava (só entrei de férias a 8 de Agosto) e agora está a custar-me um pouco voltar já na próxima semana... Espero que entres com muita alegria e força neste novo ano e que ele te dê aquilo que mais desejas. Um abraço amigo
Teresa
descobrirafelicidade a 31 de Agosto de 2011 às 13:43

Teresa:
É um gosto ler-te novamente.
Estamos sempre próximos daqueles que nos "cativaram" e a quem cativámos...Por isso nos visitamos, ainda que em silêncio,eu sei...
Nunca senti afastamento permanente de ti, e sempre será assim, porque a vibração energética uma vez partilhada -fica :)
Continuo a visitar-te várias vezes e, de vez em quando volto ao teu antigo blog...Continua a ser uma referência :)
As férias dos professores (as famosas de 3 meses, que nunca ninguém viu...) são cada vez menos retemperadoras, tens razão.
Complicada esta profissão...
Abraço apertado e grato, sempre, pela tua presença.
Marta M
Marta M a 1 de Setembro de 2011 às 23:16

Que mulher corajosa.
Eu jamais me meteria num barco.
Acredito que já perdi muitas coisa boas à custa deste meu medo.
Também eu não consigo explicar, pois nunca tive nenhum susto para que pudesse ganhar este pavor.
Quanto a Óbidos .adoro!
Beijinho
geriatriaaminhavida a 3 de Setembro de 2011 às 00:43

Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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