A propósito de um texto sobre coragem...
Fiquei a pensar sobre a coragem que implica entregar o nosso coração e, depois perceber que já não nos podem devolvê-lo, porque o partiram.
E nós continuamos a deixá-lo na mão de alguém..
E porquê? Porque ficámos cativos, porque nos viculámos um dia - por alguém , por um projecto, por quem nos pertence de direito, por um sonho...
E passam os anos, a vida continua e, cheia e exigente distraí-nos, mas o coração demora a avançar, demora a deixar de desejar, a deixar de sonhar que podia ser diferente.Demora a aprender.
E reivindicamos.
Porque sabemos que merecemos amor e demos o melhor de nós - o que podíamos e até o que não podíamos.
E agora...?
Será precisa a mesma coragem para aceitar que o amor não tem o poder que lhe atribuímos, nem sempre é redentor, nem sempre é entendido.
Nem todas as vezes resgata.
Nem sempre quem o recebe tem, verdadeiramente, coração aberto e acolhedor.
Não é qualquer coração que entende ou retribui...
Depois é só dizer que não se entendeu, ou sair pela lateral a dizer que não se lembra bem...
Ou que não foi bem assim.
Foi, o nosso coração sabe...
Cada coração aprende apenas por si mesmo, porque não se consegue mudar um coração a não ser a partir de dentro.
Só se pode dar exemplo e tempo, confiar e preservarmo-nos, enquanto cada um faz o seu caminho.
E acreditar que- talvez - em outro tempo, finalmente, nos encontremos.
Isso sim, aceitando que, em certas vidas, o caminho não é em linha recta.
Hoje, data importante e cumulativa para mim, os limites da condição humana, já não devia surpreender-me, pois não?
Lenta esta minha aprendizagem...