Quem me conhece mais de perto, sabe do meu fascínio pela filosofia Cristã (e sublinho Cristã e não especialmente a doutrina católica).
Jesus Cristo foi um radical e, provavelmente, um dos primeiros humanistas cuja voz foi ouvida e seguida por milhões dando origem à nossa civilização tal como hoje a conhecemos.
A mensagem de Jesus, absolutamente revolucionária para a época, ainda hoje fascina e se mostra intemporal e fundadora de uma mentalidade que nos tem permitido coexistir...Mais ou menos pacificamente.
Nessa linha, esta passagem bíblica é recorrentemente invocada por mim, principalmente junto aos meus filhos e alunos:
"No capítulo 8 do Evangelho de João narra que Jesus foi para o monte das Oliveiras, e, pela manhã cedo, voltou para o templo, e todo o povo vinha ter com Ele, e, assentando-se, os ensinava.
E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isso diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
Quando ouviram isso, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficaram sós Jesus e a mulher, que estava no meio. E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão àqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor.
E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais."
Meus amigos, sem falsos moralismos, gosto desta passagem - e muito.
Porquê? Porque entendo que tudo é relativo e não se pode condenar nada, nem ninguém? Não. Ao contrário, considero a impunidade um dos maiores males dos tempos que correm...
Portanto, condeno e levanto a minha voz sempre que tal se mostra necessário e certo. Sempre que o condenável ou o incorrecto se instala e entendo ser minha obrigação pedagógica, opor-me.
Mas esta passagem mostra um caminho e uma orientação que me esforço por seguir e respeitar, mesmo que por ela, seja apenas mais suave na crítica e mais activa na compreensão.
E acredito que todos merecem uma chance para dizer de suas razões ou para mostrar o seu ponto de vista.
O Dr. Fernando Nobre provocou uma certa desilusão em mim, é verdade. É verdade também que lhe vislumbrei uma fragilidade e, até, diria uma certa ingenuidade que antes não vi...
É certo que não voltará a colher o meu voto, mas conta ainda com a minha imensa simpatia pessoal, alicerçada no seu currículo pessoal de entrega que as dezenas de missões ao redor do mundo, em prol dos outros, demonstram à saciedade e que nenhuma mudança de ideias, infeliz no caso, apagará.
Sou de história amigos e, para mim, o currículo ou o testemunho da vida de cada um, conta.
Ao responder a alguns comentários no post anterior fui dizendo o que penso sobre esta polémica.
Quero apenas sublinhar algo que me ficou ontem da sua entrevista à RTP e que me deixou a pensar:
-"Gosto de fazer esta comparação para que entendam a minha decisão de encontrar forma de servir Portugal.
Eu sou como aquele que, assistindo em grupo à tentativa de fazer sair um carro de um lamaçal, enquanto uns gritam como "treinadores de bancada" a que se acelere; se desacelere; se meta a 1ª; a 2ª; a ré; se coloque um barrote...
Pois eu sou aquele que, se descalça, mete os pés na lama e tenta, empurrando, ajudar o carro a desatolar-se."
A imagem é forte amigos. E faz pensar.
A mim, especialmente, que gosto de parábolas.