Há algum tempo que o admirava.
E escolho-o para esta minha retoma ao blog, depois de um tempo em que não me senti criativa nem disposta...
João Manuel Serra era o seu nome e há 10 anos saía à noite de sua casa, e numa esquina da movimentada Av. Saldanha, generosamente, acenava e mandava beijinhos a quem circulava de carro.
Assim, simples e insólito, distribuía atenção e alegria (haverá tarefa mais útil?) aos ocupantes de todos os carros que passavam por ele.
E passavam muitos: uns mais alegres e em cujo espírito se revia entendido e acompanhado, e intensificava o gesto e o sorriso, e outros que, como ele, estavam sós e recebiam aquele gesto de saudação como uma corda que os resgatava de uma tristeza ou de uma frustração, ainda que apenas por alguns segundos.
E seguiam o caminho mais reconfortados e ele voltava para casa mais acompanhado - mesmo morando sozinho- e com um sentido para a sua vida.
Quantos poderão afirmar o mesmo?
Percebo-o.
A ele e aos os que tiveram a sorte de se cruzar com ele.
Às vezes percebemos como um gesto breve, quotidiano e gratuito, pode ter um impacto enorme na vida de outros...
Li algures que as coisas verdadeiramente importantes são infinitamente baratas.
Acredito.