Em casa estamos em fase de grandes alterações e sob uma pressão que nos leva a todos a cuidar cada palavra, cada gesto...
Como se tivéssemos medo de que estes dias não fossem "adequados" ou mesmo perfeitos.
O meu filho começa a trabalhar em Lisboa na próxima semana e nunca se ausentou de casa por mais do que 12 dias. Nenhum de nós o fez, aliás.
Os meus filhos vieram para esta casa com menos de uma ano e este foi sempre o seu quarto e é aqui o seu lugar à mesa.
Se já chorei? Ainda não fiz outra coisa...
Sinto um misto de alegria e alívio por vê-lo num emprego de óptimas perspectivas de carreira em tempo de crise para milhares, mas que se mistura com o impacto de perceber que o ninho começa lentamente a esvaziar-se.
Se estou a dramatizar um pouco? Estou, nada a fazer, está na minha natureza.
Termino com as palavras de Saramago e a partir da sua profunda, humana e intemporal sabedoria:
"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu fizeram-no de carne e sangra todo o dia"
Já a citei hoje em duas situações distintas e tem me ajudado a enquadrar (justificar?) este meu sentir contraditório...