Segunda-feira, 11 de Junho de 2012

Os meus dias começam cedo, como já disse por aqui. Às 6,38h já estou dentro do comboio.

Se é certo que a partilha do espaço público nem sempre é de todo convidativa ou pacífica, confesso gostar desta liberdade de ser conduzida e não ter que me preocupar com carro, gasolina ou estacionamento.

Uma paz, acreditem :)

Depois, acresce aqui o facto de que, por sorte, as pessoas com quem me tenho cruzado são sempre educadas e razoavelmente pacatas.

Muitas vezes estão poucas  pessoas na carruagem, algumas vão a ler, a conversar ou a falar (manusear e jogar também) ao telemóvel.

 E o sol a iluminar quase sempre a carruagem...

Eu, aproveito para ler na volta para casa, porque na ida, vou pensando sobre a orientação a dar às aulas ou a rever alguma ficha.

Como não há lugares marcados, cada um vai ocupando os bancos vazios e só depois é que se senta junto a alguém.

Está sempre tudo limpo e arejado - que mais se pode pedir de um transporte público?

Claro que existe aquele idoso que ja conhecemos e que, todos os dias, logo cedo, já exclama alto: -"E o dia nunca mais acaba?" - A risota é sempre geral e diária :)

Outro dia tive o meu baptismo com gente "estranha" chamemos-lhe assim.

A meio do percurso, vindo de outra carruagem, passa um homem, apressadamente, pelo corredor. Chega ao fim da carruagem e, mal grado a existência de uma dezena bancos de 4 lugares vazios, volta para trás.

Para onde? Claro, para se sentar de frente para mim.

Fiquei quieta e continuei a minha leitura...

Foi impossível não reparar que olhava insistentemente ora para mim ora para umas folhas cheias de gráficos que consultava  a cada 5 segundos...

Abreviando o relato, de repente, inclina-se excessivamente para mim e, abrindo a boca, começa literalmente a falar (recitar? rezar?) numa linguagem ininteligível e contínua.

Pareceu-me tudo estranho e foi como se ele estivesse a desenvolver uma diálogo interior há algum tempo e, de repente, continuasse a conversa em voz alta.

Não parecia estar realmente a ver-me e aquilo veio do nada...

O facto é que não desarmei e, incomodada com aquela aproximação e abordagem estranhas, e de forma pouco usual em mim, respondi alto e contundamente:

- Não estou a entender uma palavra do que me esta a dizer!

Ele se calou, mostrando entender perfeitamente o que eu dissera, ou pelo menos o tom em que o dissera e, numa outra voz e registo, pergunta:

 - Does not speak English?

Ao que eu respondo:

- No, I do not speak any english language.

 - All Right then. -Diz ele.

- Ok then. - Finalizo eu.

 

Ele encosta ao banco, pega nos seus gráficos e continua a consulta abrindo e fechando o dossier várias vezes. Passado algum tempo, levanta-se e vai para outra carruagem.

Fui surreal amigos. Em primeiro porque o certo é que, na primeira abordagem, ele não falou inglês (e tinha um ar bastante latino, sublinhe-se) e depois, não sei se repararam, mas eu, no calor da resposta defensiva, respondi-lhe sempre em Inglês a dizer que não falava ou entendia o idioma...

Também não me deve ter achado muito certa...

 :))



publicado por Marta M às 19:33
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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