Quarta-feira, 23 de Novembro de 2011

Querida L.

Sabes que hoje é o teu dia...E poderia dizer-te aqui tantas coisas, tantos conselhos (sim, já sabes como sou...)

E sabes que não me faltaria a palavra, nem a argumentação.

Mas hoje, só hoje, vou falar.te do tanto que significas para nós e do tanto que acreditamos em ti e no teu potêncial.

O dia em que tu nasceste e fui a Lisboa conhecer-te foi especial por tantas razões...

Já há algum tempo que na família não tínhamos bebés e a tua mamã surpreendeu-nos contigo :)

Eu a tua mamã somos muito diferentes em inúmeros aspectos, mas o carinho que temos uma pela outra é intocável e, sendo ela minha irmã, tu imediatamente foste, também, minha filha.

Lembras quantas vezes telefonava à mamã e perguntava pela minha filha?

E sabes, querida L., que nunca antes os olhos da tua mãe e o seu rosto me pareceram tão bonitos como no dia em que entrei naquela enfermaria da Alfredo da Costa, acompanhada pela tua  madrinha? Respladecente  - é a palavra que melhor ilustra a recordação mais bonita que tenho da minha irmã.

Nunca esquecerei esse dia, nem todas as vezes que te via chegar da varanda e corrias escada acima para mim, para te aninhares nos meus braços...

Nem como durante anos, contávamos até 5 em 3 línguas (que foste aprendendo comigo e na escola...) antes de que conseguíssemos desligar o telefone...

Ou de como sorrias continuamente.

Por isso, como diz o poeta, "não há longe, nem distância", nem vidas, nem ocupações, que diminuam o espaço que existe dentro do meu coração para ti.

Sabes que não sou muito de festas, nem de muitos programas ou passeios..Mas se tu ou a T., ou a mamã, precisassem de mim, até me metia num avião de longo curso (!!) para vos apoiar.

E sabes o que isso significa para mim, não sabes?

Pena que não exista uma máquina do tempo e nos pudesse levar agora, do alto dos teus quinze anos, e pudesses ver (e sentir) o imenso amor com que a família te acolheu a partir desse dia.

E isso também acarreta responsabilidades para ti...

Ok, hoje não - fica para outro dia... ;)

Por hoje, recebe apenas este amor imenso de todos cá de casa.

E, como me prometeste: Faz sempre boas escolhas.



publicado por Marta M às 17:02
Sexta-feira, 18 de Novembro de 2011
Tenho dormido mal nos útimos 3 dias.
Há uma imagem que invade o meu pensamento e o meu coração continuamente...
E é uma imagem triste e de fim de linha, escolhida por um jovem e que contrasta com tudo o que de bonito e promissor tem a própria juventude.
No passado fim de semana, um jovem da idade do meu filho, amigo e colega de faculdade dos dois jovens cá de casa, resolveu (?) terminar com a sua vida de forma, afirma-se (repete-se?), inesperada...
Talvez para ele não fosse assim tão inesperado, talvez já existisse um longo caminho percorrido de que quase ninguém se deu conta, ou...Ele não confiou a ninguém.
Mas o que dói profundamente é este revogar de futuro...Esta ausência de visão de caminho aos 26 anos.
Hoje, na aula de Formação Cívica, a propósito da incompreensão e da ausência de diálogo em casa e fora dela, não pude evitar falar do doloroso sofrimento emocional que, por vezes, se esconde e para o qual não se pede ajuda a tempo, enquanto tudo é ainda resgatável... Olhei cada um  com atenção e, sabedora das  difíceis circunstâncias de alguns, falei de mim e da experiência partilhada ao longo da vida por toda a humanidade, mas que para os jovens, mais inexperientes, não é tão evidente: A Impermanência de tudo.
E de como a nossa vida flui, dá voltas todos os dias continuamente, e envereda por caminhos que nem prevemos, nem sonhamos...E, portanto, nunca, em tempo algum, podemos afirmar que o caminho será sempre aquele que nos cega e atormenta hoje.
Ao cortar desta forma o futuro, ao não permitir que a vida flua, ao desistir de lutar - nunca o sofrimento poderá ser atenuado, nunca mais as circunstâncias poderão alterar-se.
O sofrimento eterniza-se...
Senti medo amigos, medo de que algum deles (ou outros jovens* em qualquer parte) possam estar a passar por trânsitos semelhantes...
E nós sem sabermos, até ao dia...


publicado por Marta M às 19:00
Sexta-feira, 11 de Novembro de 2011

(Imagem da Internet - Google)

Não se se o notam, mas eu já dei pelo espaço e pela receptividade que começa a existir para o uso de certas palavras...Pelo menos à minha volta, noto-o.

Lembro-me como há apenas alguns anos o uso de certo vocabulário (como fraternidade, fé, carinho, afecto, compaixão...) era recebido com um levantamento de sobrolho e ares de enfado e desconfiança.

Actualmente, fruto provável do tempo difícil e exigente que vivemos, muitas pessoas e empresas começam a mostrar abertura para a consideração do peso dos afectos, quer nas relações pessoais quer nas laborais.

E noto até que, se antes tais alusões podiam soar a uma certa "lamechice" para quem não conseguia separar as águas, hoje a forma como alguns se dispõem a escutar, demonstra um certo amadurecimento social que me faz sentir cada vez mais "em casa" por aí... :)

Esta semana eu que, mal grado o profissionalismo e correcção de procedimentos que me imponho, nunca abdico de  "salpicar" esse mesmo desempenho profissional de tudo aquilo que o torna mais humano e real, tive uma experiência interessante.

Foi assim que, perante o sério desagrado manifestado por alguém ao meu lado, e constatada a persistência no erro de outro, aliada à sua incapacidade de ultrapassar a situação e reconhecer o seu engano públicamente...Perante o impasse incómodo, ousei discretamente e, num impulso, disse:

 - "Porque não deixas passar e ultrapassas isto? Porque..não tens compaixão para com ele?"

Bem amigos, mal usei a palavra, o meu estômago encolheu-se....E agora? Serei tomada por lamechas? Pouco profissional? Pouco racional?

Temerosa e quase arrependida, aguardei breves segundos (que me pareceram horas) e, qual não foi o meu espanto, recebo como resposta um silêncio e um olhar de acolhimento que me pareceu até de alívio, pela minha proposta.

E assim, pelo menos naquele dia, naquele momento, o impasse se desfez, o embaraço foi colocado a um canto e... Avançámos.

O gesto da compaixão proposto não implicou qualquer sentimento de superioridade ou de pena, mas tão simplesmente de compreensão e empatia.

E pelo reconhecimento dentro de cada um de que, todos nós, em alguma altura da vida precisaremos também que outros tenham esse sentimento em relação a nós...

Semear o que queremos colher - parece-me a chave deste sentimento.

Usar a palavra é, parece-me, cada vez mais fácil, não sei é se o gesto e o coração estarão, depois, à mesma altura.

Naquele dia, juntos, conseguimos. 

Nem tudo está perdido :)



publicado por Marta M às 19:13
Sexta-feira, 04 de Novembro de 2011

(Imagem recebida via mail)

Realmente, se ele - o superman - já recorre a um templo para rezar...

Pois, que diremos nós, simples mortais, sem mais poderes que a nossa força de trabalho?

Que dizer da velocidade e diversidade de acontecimentos que têm assolado a Europa nos últimos dias?

Que dizer do povo (governo?) grego que ja todos davam por morto, resignado, dependente, manipulado e,  surpresas  das surpresas, para os senhores do mundo e para nós - ainda mexe e tem uma palavra a dizer?

Como interpretar?

Como prognosticar?

Como explicar?

Como consertar?

Numa semana impossível de trabalho, papelada e testes para corrigir, deixo este desafio para irmos pensando e somando tudo o que nos vai caindo em cima e...no que já nos avisam (ameaçam?), vem por aí.

Não há mais remédio que fazê-lo amigos...

Ou tentar, pelo menos.

 


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publicado por Marta M às 18:11
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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