Terça-feira, 09 de Agosto de 2011

Lembrei-me desta história ao escutar hoje numa reunião de condomínio um grupo vizinho criticar fortemente um conhecido elemento da Junta de Freguesia próxima, que tantos e rasgados elogios públicos recebera do mesmo grupo... Não há muito tempo.

Pois… Para esta mudança, bastou-lhes uma falha, uma suspeita por provar.

Não importa aqui encontrar culpas ou confrontar argumentos e razões, apenas constatar, mais uma vez, como os extremos se tocaram com tanta rapidez...

 Ocorreu-me esta história que conto aos meus alunos ao abordar conteúdos relativos à personalidade de Napoleão, e porque ilustra bem a sua lendária sabedoria e capacidade de antecipação. Qualidades que tantas vitórias lhe permitiu alcançar e, no fim, a preservar o seu pescoço, num tempo em que  cabeças de reis e outros rolavam quase a diário. O imperador dos franceses tinha um conhecimento prático da natureza humana e, por isso, conduzia e manipulava tão bem as massas.

Resta-me ainda referir que este episódio escutei-o na faculdade, quem o contou ressalvou não o poder confirmar com base documental, mas que ainda assim, a historieta encaixava no perfil deste general e, portanto, era assim contada há muitos anos.

Assim, parece ser que no regresso a casa de uma batalha vitoriosa, Napoleão é ovacionado por um multidão que clama e grita por ele.

O seu cunhado, deslumbrado, pede-lhe:

- Meu general, vá à varanda, vá usufruir desta vitória e desta saudação sem limites!

   É o herói da França!

Napoleão, prudente e arguto, responde ao tempo que, cansado, se descalça:

 - Deixá-los, bem os conheço, se fosse para me levar para a guilhotina, ainda gritavam mais!

E continua a ter razão, quase três séculos depois. A natureza humana pouco se tem alterado por entre os diferentes séculos e contextos – passamos de heróis a perseguidos, dependendo apenas do impulso, da suspeita ou da manipulação que tomou conta da multidão…

Por isso, entre elogios e críticas, há que manter a calma e não nos tomarmos muito a sério, dar a cada coisa a importância que tem e não embarcar em vaidades, ou ofensas profundas porque, de facto, quase sempre é tudo muito efémero e transitório. E sem memória. 

Mais quando se trata de grupos, ou multidões que, por norma, cedem parte do seu critério individual e…fazem coro.

Dito isto, amigos, o melhor caminho e barómetro continua sempre a ser, como sempre, a consciência de cada um.

Tudo o resto é, como a própria vida, impermanente…



publicado por Marta M às 00:44
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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