Quinta-feira, 31 de Março de 2011

 

                                                                  

E porque a palavra pressão está sobre a cabeça dos portugueses e aparece somada ao que nos cai em cima todos os dias, lembrei-me desta história mágica que, de vez em quando, me serve de inspiração.

Li -a há anos atrás e contei-a de forma recorrente aos meus filhos, como exemplo pedagógico de contenção e de saber-estar ao longo dos anos...

Procurei-a na net, nos meus livros do Paulo Coelho, em anotações antigas e nada...

Não encontro autor, nem procedência.

Por isso aqui vai, como me lembro:

 

Num espaço de meditação um grupo de pessoas (ou monges) meditava em silêncio, tentando acalmar e aquietar as suas mentes e, nesse exercício, encontrar paz de espírito e consequente clarividência para a tomada de decisões...

De repente um homem mais velho entra em levitação por alguns segundos para de seguida,com uma força imparável atravessar a sala de uma ponta à outra a uma velocidade estonteante por duas, três vezes, até que volta a pousar e retoma o seu lugar.

Ao seu lado, um jovem segreda-lhe, notoriamente, deslumbrado:

- " Que força, hum?

Ao que o homem responde:

- "Não foi força, foi fraqueza!"

 

 É isso meus amigos, às vezes, ficar quieta/o é substancialmente mais difícil do que falar e mostrar o nosso desacordo ou descontentamento.

O silêncio bem gerido é uma arte de difícil concretização e saber quando falar ou quando aguentar a pressão imensa e nada dizer, é verdadeiramente uma demonstração de autocontrolo e força.

E de sabedoria. E até, de amor.

Numa semana em que se tomaram muitas decisões de futuro na minha família e em que me apeteceu dizer tanto...E podia fazê-lo com facilidade e desenvoltura, pois escolhi nada dizer e deixei que a vida tomasse o rumo que devia (podia?).

E sabem que mais?

Não tendo sido feita a minha vontade, pois parece que tudo se encaixou e

 "tudo está como deve estar".

Giro. 

 

 Nota: A Imagem é do jornal i, sobre outras pressões...Essas não pedem silêncio, nem inacção.

 



publicado por Marta M às 18:38
Domingo, 27 de Março de 2011
 
Se a oportunidade não bate, construa uma porta.
 (Milton Berle)
Ou uma janela.
Ou coloquem uma escada que nos permita vislumbrar um novo caminho...
O importante é rasgar os horizontes e propor alternativas para além de estafar e repetir o diagnóstico, uma e outra vez.
Como professora posso afirmar que sempre é possível inovar e acrescentar.
Quando se pede a uma turma de alunos que apresente um projecto, em trabalho individual ou de grupo, todos sabemos que surgirão surpresas e irão abrir-se caminhos que ninguém previra. Os alunos sempre nos surpreendem pela positiva, mesmo qua a maioria trilhe o caminho que se espera ou que outros trilharam antes..Há sempre um ou dois que, entre tantos que fazem exactamente a mesma coisa, encontram uma maneira de fazer diferente e, imensas vezes, melhor.
A partir daí, caminho aberto, servem de referência e inspiração e...Outros caminhos se abrem e novas ideias surgem.
E as possibilidades multiplicam-se.
É essa diversidade e essa liberdade criativa interior que faz da humanidade um conjunto fascinante e nos enriquece e nunca nos permite  verdadeiramente baixar os braços.
Nem desistir de mudar e de "consertar" este mundo, porque na verdade, como a História ensina, sempre se encontrou uma saída e se retomou a vida...
E foi graças a essa minoria, que se empenha, que insiste e acredita tanto nas suas ideias que as apresenta e dá a cara por elas, que ainda não chegámos ao fim da História como previra Francis Fukuyama.
Foi o que fizeram estes jovens, os mesmos que estiveram na rua em protesto no passado dia 12 de Março.
Sim, não ficaram pelo protesto, assumiram responsabilidades e querem fazer parte da mudança e dão o seu contributo.
Com frase interpeladoras e panfletárias como esta:"Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela."

Uma das responsáveis pela iniciativa, Paula Gil, esclarece que os documentos foram recolhidos durante a manifestação do passado dia 12 e são "a voz das pessoas em situação precária, do movimento Geração à Rasca". O dossier foi entregue em mãos, ao presidente da Assembleia da República, e reune todos esses contributos.

Brevemente (espera-se) a documentação estará disponível também em suporte informático e, online, na página da casa da nossa democracia.

Acredito que não haverá lugar a precisar mais de um refresh e de uma mudança de paradigma...  :)

Aposto na frescura e na energia que caracteriza a juventude e que faz imensa falta como elemento catalizador à geração que , como nós, já começava a duvidar que era possível fazer melhor.

Pelo menos, para já, propõem fazer diferente.

E qualquer mudança introduzida, pois....afectará o resultado final.

Aguardo :)



publicado por Marta M às 22:04
Quarta-feira, 23 de Março de 2011

É com esta saudação que costumo receber as novas visitas que fazem o favor de me ler e comentam os meus posts pela primeira vez.

E faço-o com gosto e, nesse gesto junto-os a este grupo de amigos que me acompanha e comenta (conversa?) sobre o que escrevo.

São todos bem vindos e encontram aqui espaço para concordar, para discordar livremente ou até para acrescentar um novo ponto à discussão do dia.

Ou até para se juntarem aqueles que passam a desejar um bom dia, um bom fim de semana, ou para deixar simpaticamente um beijinho de amizade.

E com todos aprendo e acrescentam-me, intelectualmente e como pessoa.

E fazem-me sentir acompanhada e confortável, mesmo que discordem de mim.

Foi assim, com o correr dos dias e da partilha cordial de pontos de vista, que todos evoluímos nessa relação virtual e tornamo-nos amigos.

Hoje muitos moram no meu coração e, alguns até, nas minhas orações.

Ontem, constatei que entraram nesta sala mais de 400 pessoas e que andaram por aqui a conhecer os cantos à casa e a ler estes meus depoimentos e testemunhos, as minhas dúvidas e algumas das certezas (poucas) que aqui partilho há já quase 3 anos.

E assustei-me.

Esse facto constituiu uma  enorme responsabilidade para mim. Sim, porque se tratavam de  novos leitores de diversas partes do mundo...

Por isso e, numa tentativa de dar as boas vindas condignamente e agradecer  todas estas visitas, partilho esta alegria com:

Os amigos queridos que sei, me recomendaram diversas vezes à plataforma do SAPO.

A minha querida amiga Manu, que começou por ser uma amiga virtual que, passo a passo, entrou no meu coração e na minha vida e a influenciou de inúmeras formas, e que insistiu e conseguiu este destaque que me iluminou o dia :)

À plataforma SAPO e aos seus colaboradores.

Todos aqueles que, entre hoje e ontem, passaram por aqui e me deram os parabéns ou me visitaram pela primeira vez, lendo estes meus depoimentos e estas partilhas do somatório dos acontecimentos que enchem os meus dias e dos quais vou fazendo o balanço possível daqui, Do meu Lugar

neste mundo enorme...

Obrigada, do coração.



publicado por Marta M às 22:09
Sábado, 19 de Março de 2011

 

 

Hoje, no Dia do Pai, a homenagem:

 

 

A todos os que o sabem ser e honram a palavra e também para aqueles que,

pelo menos, deram o seu melhor :)



publicado por Marta M às 17:11
Domingo, 13 de Março de 2011

Ouvir, sem ideias pré-concebidas, esta entrevista.

Esta é a proposta.

Fica a sugestão para todos aqueles que, como eu, acreditam que são as "minorias que fazem avançar o mundo" (L.A) e que hão de ser elas que desbravam o caminho para que todos os outros também queiram avançar.

Porque, não o esqueçamos, fazemos todos parte do problema, pois que sejamos então parte da solução.

Se mais não serviram as Manifestações de ontem e estas cantigas de intervenção dos Homens da Luta (brejeiras, concedo), pelo menos colocaram a discussão na rua (e nos média) e desinstalaram muitos que julgavam que já não tinham um contributo a dar.

Pessoalmente, eu que sempre fui uma habitué deste tipo de manifestações cívicas, tive muito orgulho do meu contributo e, nem de longe, o considero inútil ou estéril...

As grandes alterações começam sempre pelo primeiro passo, pelo conhecimento de que  todos nós contamos, e pelo contributo de cada um à sua medida, na certeza de que não podemos ser continuamente ignorados...

Veremos aonde isto nos leva.

”Onde há vontade não falta caminho.”
[J.R.R.Tolkien]

Pessoalmente, acredito que o caminho só pode ser para cima.

 



publicado por Marta M às 16:28
Quinta-feira, 10 de Março de 2011

Isto faz sentido?

Tenho a cabeça num turbilhão. Só pode.

Se não, que outra razão levaria alguém a misturar no mesmo post Ghandi (citação do título), o Movimento "Geração à Rasca", os vencedores do Festival da Canção - "Os homens da Luta" e o discurso do Sr. Presidente da República?

Pois apenas uma enorme confusão interior ou...É sinal dos tempos que vivemos e que eles  aqui reunidos, estranhamente, começam a fazer sentido...

Se cada época e cada geração tem os seus trunfos, dificuldades e conjunturas específicas, esta época que nos é dada viver é provavelmente das mais exigentes dos últimos 30 anos e, atinge em cheio, os mais jovens..Algo para o qual nós, enquanto Estado e como  pais, não nos lembrámos de fortalecer ou ensinar aos que nos hão-de proceder socialmente.

O Estado, a escola e as famílias procuraram compensar as carências que haviam assolado o país nas décadas anteriores e assumimos como válido que proteger, acarinhar e facilitar a vida às novas gerações, evitaria os traumas e as descompensações emocionais com que nós nos havíamos confrontado e permitiria aos nossos filhos e jovens ir mais longe e ter uma vida com mais qualidade. E assim fomos batalhando para que nada lhes faltasse e, nesse processo, colocámos literalmente a mão por baixo dos nossos filhos e alunos, não permitindo que caíssem, ou sequer cambaleassem...

E assim, garantimos que tivessem muito mais do que realmente necessitavam em termos materiais e outros e, nesse nosso velar excessivo, provavelmente os fragilizámos  e não os deixámos adquirir as ferramentas que tanta faltam lhe fazem agora para enfrentar uma crise que não deixa ninguém de fora. E tornámo-los excessivamente consumistas e dependentes, para mal deles e nosso.

 Por isso hoje vejo com bons olhos que os mais jovens tenham colocado a mão na massa, que se agrupem e concertem acções cívicas para que a sua situação sem horizontes se coloque na agenda do dia de quem tem o poder de decidir sobre os seus destinos.

Se a situação se pode tornar explosiva e se o discurso do Presidente da República (com reconhecidas culpas no cartório) veio acicatar os ânimos? Sim, veio. Mas isso não é necessáriamente mau presságio...

Se a "cantiga é uma arma" como dizíamos no meu tempo, pois continua a ser uma forma de expressão com força própria e mesmo que a cantiga dos Deolinda seja mais uma arma algo lamuriante e a dos "Homens da Luta" seja algo brejeira, pois servem o propósito de desinstalar. E isso é muito.

Se a isso tudo, junto a frase poderosa e responsabilizante de Ghandi, pois está reunida um receita que pode ter futuro...

Pode.

Tudo somado,  com sorte e uma boa orientação, talvez aqui exista a possibilidade de iniciar uma mudança e uma crescente responsabilização de todos nas mudanças que se impõem ou, pelo menos, dar visibilidade a um espírito inconformado que nos cerca que parece atravessar (felizmente) a sociedade nacional e internacional e que, finalmente, começa a fazer eco no nosso território.

Diz-se que é preciso bater no fundo para depois se recomeçar a subir e introduzir rupturas. Pessoalmente, acho que já batemos.

No Sábado lá estarei com os meus filhos.

Veremos o que sai daqui.



publicado por Marta M às 18:53
Quinta-feira, 03 de Março de 2011

Vim ontem da escola com esta pergunta a fazer eco dentro de mim...

Isto a propósito do episódio que ocorreu ontem entre duas colegas no contexto de uma reunião interminável e, convenhamos, feitas as contas - pouco produtiva.

Mas há que cumprir o calendário prescrito pelo Ministério da Educação e que nos vão roubando o tempo útil e de qualidade para a preparação das actividades lectivas.

Enfim.

Pois, talvez seja exactamente por isso que ontem (e em outras ocasiões, reconheça-se) os ânimos estavam exaltados e cansados, mais quando já estávamos sentados há quase 3h...

Foi assim: Quando a psicóloga se dispunha a expor e dar a conhecer o seu relatório circunstanciado do acompanhamento de um aluno em particular, considerou oportuno contextualizar longamente o seu trabalho e métodos a partir de uma descrição algo minuciosa, com imensos acessórios dispensáveis, mas que, olhando ao seu entusiasmo e gosto na descrição, pois fomos todos sendo embalados e nem dávamos pelo tempo que corria...

Mas alguém deu e não se deixou entusiasmar nem um pouco. E reagiu de forma inusual e desproporcionalmente violenta.

Interrompeu a colega abruptamente, sem se deixar comover pelo tom ameno do discurso e, como quem concluí uma conversa que já devia ir adiantada no seu interior, disparou - gesticulando:

"-Mas afinal o que é que isso interessa? Tem alguma coisa para nos dizer de CONCRETO sobre este aluno, ou outros??!!"

Todos nós retivemos o ar e, surpreendidos pelo registo intempestivo, fitávamos uma e outra à espera do que se seguiria...

E sabem que mais?

A colega surpresa e visivelmente magoada encaixou em silêncio e, com olhos húmidos olhou-a fixamente, de seguida leu os relatórios que trazia.

E mais não disse. Pediu licença e saiu.

Nenhum de nós fez qualquer comentário adicional, não valia a pena.

A colega dissera muito com o seu silêncio e capacidade de controlo.

Fiquei algo chocada.

Eu meço cada palavra proferida, nunca na minha vida seria capaz de reagir assim, com uma total desconsideração pelo uso da palavra em público por alguém e, certamente, nunca em termos semelhantes. 

Fiquei ainda a pensar se algumas pessoas dão realmente pela existência dos outros...

Se permitem aos outros que eles sejam inteiros diante deles, se permitem que os outros usem da palavra ao seu modo, mesmo que lento, mesmo que tomando desvios que lhe parecem importantes para explicar o seu ponto de vista.

Cada um tem o seu tempo e ritmo próprios e, se é possível aprender a ser mais assertivo e objectivo, pois não é com lições destas que se vai lá...

Haveria muitas formas de fazer progredir a reunião e de "apressar" a colega psicóloga, ocorrem-me inúmeras, todas elas mais cordiais e, certamente, menos abrasivas para todos.



publicado por Marta M às 19:03
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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