Terça-feira, 30 de Novembro de 2010

Há anos que gosto este conceito tão tipicamente familiar e americano:

Um dia por ano para dar Graças pelo tanto que se viveu e recebeu e em que nos obrigamos a elencar tudo o que nos foi acontecendo, principalmente as bênçãos.

Ok, concedo também - algo perigoso...Mas estava tudo, antecipademante, prevenido e controlado, acreditem-me ;)

Não é bonito e inspirador?

Sim, há anos que falo no assunto, mas foi a minha filha que colocou em prática a ideia, pela primeira vez este ano. E disse que de hoje em diante, agora cá em casa e depois na dela (!), faremos desta celebração uma tradição familiar.

E esta é mesmo nossa, já que no Natal há que rumar às origens, corresponder às expectativas e acertar agulhas com tradições (?) que nem sempre são as que escolheríamos...

Avançando, eu achei a ideia deliciosa e, mãos na massa, preparei o menu do "Dia do Peru" (turkey day) - o dito cujo, portanto.

A minha filha e uma amiga querida fizeram as batatas - doces, o milho, os brownnies e as saladas - tudo delicioso.

Outro amigo de sempre, trouxe a apple pie que estava uma tentação.

Tudo muito bem reconstituído e só não se falou inglês porque eu sou uma negação para essa (e outras) línguas ;)

Estávamos apenas nós, o núcleo duro da família e dois amigos que já fazem parte dela.

Foi interessante e trabalhoso, mas o melhor de tudo mesmo, dispensando os dramas que se exploram e se conhecem dos filmes americanos, onde estas (e outras) festas familiares se apresentam como um acerto anual de "contas pendentes", ou todos os excessos que lhe estão associados, sem troca de presentes, demos as mãos à volta da mesa e  foram feitos agradecimentos por tudo e pelo tanto que se viveu no último ano nesta casa...

Foi bom recordar que nem todos foram dias bons, nem de perto, mas que os bons existiram, marcaram, e estamos também, gratos por eles.

Todos nós.

Às vezes, conseguimos essa plenitude que se sente quando, muito de vez em quando, acertamos :)



publicado por Marta M às 15:31
Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010

Amigos:

Leiam com atenção o que escrevi, por favor.

E o contexto em que surge e os sublinhados.

Nada está aqui dito de extraordinário, nenhum facto (os abusos continuados) foi colocado em causa, e  não é do horror de tudo o que se passou na Casa Pia que se trata.

Coloquei apenas perguntas possíveis e humanas, porque sim, certezas absolutas é impossível em quase tudo na vida.

E a experiência já me mostrou, dolorosamente, que tudo é possível neste mundo...

Mais, quando apontamos o dedo e ajudamos a destruir a reputação de alguém, mais, porque também escutamos outros envolvidos a clamar por justiça ( e também são pais e têm família...), a falar de erros e confusões na identificação, e que a dor e os anos e todo o circo mediático podem ter o seu peso.

E falam de erros na identificação que destruíram as suas vidas também.

E alguns também nos tocam...

Também são seres humanos e custa-me ignorá-los e cricificá-los sem apelo, nem agravo, porque uns depoimentos me tocam mais do que outros.

Porque quem aponta sofreu e muito e também eu quero que os culpados paguem.

E muitos anos se passaram e a dor é muita e há que expiá-la.

Porque há que encontrar um culpado, seja quem for, para tanta dor.

Sem certezas absolutas, seria uma tragédia sobre outra.

Foi isto que eu disse.

 

 

 

Aqui, também, há já algum tempo, falei deste tema e, porque sempre achei que certezas absolutas são quase impossíveis para qualquer dos lados, comentei isto:  http://teoriasdacosta.blogs.sapo.pt/44965.html

 



publicado por Marta M às 10:34
Terça-feira, 23 de Novembro de 2010

 Existem blogs que acompanho religiosamente e são muitos, como referi há dias, e todos me enriquecem como pessoa e todos me acrescentam.

Não prescindiria de nenhum.

O da Laurinda Alves, escritora e jornalista que leio há muitos anos e que já tive o privilégio de conhecer e conversar em mais do que uma ocasião, é uma das opiniões que mais respeito neste país e nunca, mas nunca, me desilude ou mostra a mais pequena incoerência entre o que escreve e defende, quer quando fala em público quer quando milita civicamente.

E fá-lo sempre que considera oportuno e, devo acrescentar, com uma análise muito pessoal, impressiva, sensível e sempre construtiva, nunca hesitando porém em tomar posição, expor-se e defender racionalmente o seu ponto de vista.

Dito isto, vem este post a propósito deste seu comentário (aqui) a uma entrevista que, acredito, muitos neste país viram com o coração nas mãos.

E fiz o seguinte comentário, polémico, mas é o que sinto e gostaria de o partilhar também aqui, com a minha tribo:

"Ontem, apesar de estar muito atarefada, fiz uma desmarcação profissional importante, porque queria muito ouvir e "ver" este jovem. E escutei com muita atenção tudo o que ouvi de ambos interlocutores, mas especialmente, confesso, o que disse o entrevistado.

A jornalista, amiga pessoal de alguns dos condenados ( nesta fase, já não arguidos) não tinha tarefa fácil. Mesmo não subscrevendo na totalidade o registo e o tom, reconheço-o também.

A a situação daquele jovem era pesada e surpreendi-me com o seu registo sereno e contido, macio até.

Senti a mágoa que já se poderia prever, mas que assim exposta, emociona e cria uma empatia que, também eu, não pude nem quero, contornar.

Percebi, finalmente, a razão pela qual o seu testemunho foi tão valorizado neste processo. A forma firme e assertiva convence e cria uma sensação de veracidade em quem o escuta, e torna mais difícil pôr em causa o seu depoimento.

Concordo que algumas questões oportunas ficaram por colocar e que outras eram absolutamente desnecessárias - caso da questão das fraldas...Nada acrescentou à entrevista esta referência tão concreta, bastava ao invés referir as sequelas inevitáveis dos abusos continuados sem precisar de o expor daquela forma.

Agora usando palavras duras, acrescentaria ainda não "detestar", mas sim "odiar" a Mentira e a forma como nós, calejados e desgastados por ela, mesmo tecnicamente convencidos pela conclusão do julgamento, mesmo que o nosso coração tenda para o acolhimento e compreensão da situação deste e outros jovens assim, violentamente roubados na sua dignidade e futuro -por causa dela, continuamos cá dentro, desconfiados e tristes, a murmurar:

- Mas e se..?!

Já vi negarem a verdade demasiadas vezes...

E com a cara lavada, pelo menos à primeira impressão...

Gostaria de poder ter todas as certezas."



publicado por Marta M às 16:25
Quinta-feira, 18 de Novembro de 2010

Pela deferência, e por este selinho que me foi gentilmente oferecido pelas minhas amigas do blog Optimismo em Construção, em reconhecimento (imerecido, provavelmente..) do conteúdo deste blog e da sua postura pela cidadania activa e a pedagogia pela positiva.

Assim e citando as minhas amigas:

"O Prémio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras. Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web» 

E implica responsabilidades, nomeadamente:

 1 - Exibir a imagem do selo no blogue; 2 - Revelar o link do blogue que atribuiu o prémio; 3 - Escolher 10, 15 ou 30 blogues para premiar.

A escolha é difícil. E por várias razões.

Tenho um leque muito rico e variado de amizades que nasceram neste mundo vitual  e tiveram a sua génese nos blogs que vou visitando e que me visitam..

E são todos diferentes e agrada-me isso, a diversidade, de todos estes amigos/as e a forma como cada um, à sua maneira, contribui para que eu aprenda e avance no caminho.

Fazem-me rir, reflectir, surprender e emocionar - aprender, numa palavra.

Cada um acrescenta uma perspectiva distinta e abrem-me, invariavelmente, uma janela por onde espreito e aprendo algo novo.

Tenho a certeza que nunca aprenderia tanto sozinha, apenas a escutar a minha própria voz.

Concorde ou não com o que escrevem, é sempre enriquecedor.

Colocaria todos os do meu perfil e outros tantos que também visito e mereceriam o destaque...

A não ter espaço e tempo para tanto, e porque alguns já foram premiados, ficam estes.

Com carinho:

Sentaqui

Caminhando - Joana

Desabafos de um Angolano - Marcolino

Geriatria minha vida

Teorias da Costa

Rosinda

Fátima Soares

Doce refúgio - Sheila

Cuidando de Mim

Ver para Além do Olhar

Sonhos de Professor

Jangada de Pedra - Severino



publicado por Marta M às 21:36
Sábado, 13 de Novembro de 2010

Há algum tempo que o admirava.

E escolho-o para esta minha retoma ao blog, depois de um tempo em que não me senti criativa nem disposta...

João Manuel Serra era o seu nome e há 10 anos saía à noite de sua casa, e numa esquina da movimentada Av. Saldanha, generosamente, acenava e mandava beijinhos a quem circulava de carro.

Assim, simples e insólito, distribuía atenção e alegria (haverá tarefa mais útil?) aos ocupantes de todos os carros que passavam por ele.

E passavam muitos: uns mais alegres e em cujo espírito se revia  entendido e acompanhado, e intensificava o gesto e o sorriso, e outros que, como ele, estavam sós e recebiam aquele gesto de saudação como uma corda que os resgatava de uma tristeza ou de uma frustração, ainda que apenas por alguns segundos.

E seguiam o caminho mais reconfortados e ele voltava para casa mais acompanhado - mesmo morando sozinho- e com um sentido para a sua vida.

Quantos poderão afirmar o mesmo?

Percebo-o.

A ele e aos os que tiveram a sorte de se cruzar com ele.

Às vezes percebemos como um gesto breve, quotidiano e gratuito, pode ter um impacto enorme na vida de outros... 

Li algures que as coisas verdadeiramente importantes são infinitamente baratas.

Acredito.



publicado por Marta M às 11:59
Sábado, 06 de Novembro de 2010

Este é um tempo lento...

Enquanto todos se adaptam à perda, vamos retomando a vida e tentando dar-lhe um sentido que nos traga conforto.

E vamos nos valorizando mais uns aos outros (espero que dure...) porque percebemos como isto tudo é tão frágil.

Enquanto pensamos na nova estrelinha que agora vela por todos nós (temos  certeza!) vamos somando e enquadrando tudo o que aconteceu nos últimos dias...

Uma vida querida que cumpre os seus ciclos e mesmo assim continua presente e alinhada connosco e as aprendizagens forçadas e profundas que se impõem neste período...Tudo há que "encaixar".

O olhar dos mais jovens que, incrédulos com a precariedade da vida, se confrontam com o que ela tem de mais duro e difícil - pela primeira vez.

E saem mais magoados, mais fragilizados pelo confronto com a sua condição humana, mas ao mesmo tempo, surpreendentemente, mais fortes para lidar com ela.

Admiro-os pela aceitação madura, ainda que, notoriamente, muito doída.

Digna, numa palavra.

Contradições em dias que escurecem tão cedo...



publicado por Marta M às 17:05
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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