Ninguém se deu conta?
Ninguém percebeu o desamparo?
Ou percebemos e desviámos olhar, ocupados que estamos com as múltiplas tarefas a que temos que dar resposta no dia a dia das escolas? Ou ficámos aliviados por este aluno não estar nas nossas turmas?
Em todas as escolas por onde já passei existiam casos semelhantes.
Acredito que "sabemos" (vemos , ouvimos e lemos... -Sophia M.B) que jé demos por ela, mas...
Ainda na outra semana, uma colega comunicou que havia pedido reforma antecipada (54 anos..) na sequência de uma série de desacatos, faltas de educação e indisciplina constante de uma aluno (e da turma por arrasto) do 6º ano de escolaridade. Esta semana perante o avolumar da situação e, provavelmente, esgotada de tanta sabotagem ao seu dia a dia profissional, apresentou baixa médica por 30 dias...à espera da incontornável reforma.
E todos sem excepção compreendemos as suas razões.
Mas pouco foi feito para além das lamentações e constatações habituais...E a colega lá foi para casa, contrariada (porque sei que a sua vocação é o ensino) à procura da paz que o seu local de trabalho e a vocação lhe negam...
E nós continuamos a nossa vida de sempre, até que o próximo tome o mesmo rumo e faça algo similar. Quando ainda tem tempo e pode.
E as escolas vão ficando carentes de exemplo e apoio, porque são sempre os professores mais antigos e, portanto, mais experientes que são obrigados (fisica e psicologicamente) a fazê-lo.
Porque não podemos sair todos e porque a escola não pode desistir do seu papel -principalmente da instrução - de transformadora social, mesmo quando despejam nelas todas as fragilidades sociais e a falta de valores dos tempos que vivemos... Há que encontrar formas eficazes de lidar como problema da indisciplina.
Antes que seja tarde demais, como foi o caso deste colega (http://www.publico.pt/Educação/ministra-isabel-alcada-apela-a-serenidade-e-equilibrio_1426806), ou do jovem Leandro que, em profundo sofrimento e desamparo, preferiram atirar-se às frias águas do rio do que continuar a enfrentar uma turma de alunos agressivos, com interesses absolutamente divergentes das aprendizagens da escola, mas certamente sem rumo e, um dia, quem sabe, atirando-se (ou sendo atirados) também ao rio, por manifesta falta de futuro...
Uns infelizes, eles e nós.
E daqui a alguns anos, o país.
Haverá alguém responsável que coloque mão nisto e responsabilize as famílias, altere o estatuto do aluno e apoie psicologicamente quem (alunos e professores), por demasiadas razões, não encontra sozinho/a uma saída com futuro?