Quarta-feira, 31 de Março de 2010

Ponderar tudo....

Esta é uma das épocas do ano lectivo de maior  trabalho nas escolas  e, salvo aquelas épocas em que corrigimos e avaliamos levas de 190 testes,  cujo cansaço resultante me faz adormecer quase juntamente com  o sol, esta época (com reuniões, por tuma, a durar 3h...) estáfa-nos e...não nos deixa adormecer.

E não é pelos quilos de burocracia que incluem fichas individuas ou relatórios de competências não adquiridas pelos alunos, que nós, professores, temos que apresentar e justificar.

Não é pela trabalheira e papelada...

A questão é mais funda.

Nesta altura, ponderados os resultados dos testes sumativos e introduzidas todas as informações relativas ao desempenho dos alunos (atitudes, interesse, empenho, comportamento, realização das tarefas propostas, trabalhos de casa e por aí fora..) temos que chegar a um número numa folha exel.

O número lá aparece, muito redondinho e eficaz. E asséptico.

Eu é que mesmo sabendo que ele reflecte matematicamente o percurso do alunos nos últimos meses, e que tive o maior cuidado de lá introduzir   todas as informações do que me é possível verificar e quantificar a partir dos parâmetros pré-definidos e observáveis, fico a pensar se aqueles números que vou colocando nas pautas reflectem realmente a totalidade do percurso de cada aluno.

Dos meus alunos, que julgo conhecer tão bem.

Principalmente daqueles cujo percurso pessoal e vida familiar vou conhecendo e que me fazem concluir que alguns jovens ainda conseguem ser muito bons tendo em face o núcleo familiar (?) de onde provêm. Ou outros, que se aproveitam dessas grelhas e das falhas do sistema que quer tudo quantificar e "coisificar", e conseguem ir progredindo de nível, ainda que o seu trabalho esteja, inúmeras vezes, aquém do mínimo expectável.

E os seus níveis de conhecimento e de aquisições de competências pouco vá evoluindo.

Depois occorrem-me ainda (tenho tendência para complexizar, eu sei...) que estamos a comparar o que é dificilmente comparável. No fundo a "igualar", por uma seriação rigorosa, mas algo artificial, o que é desigual.

E temos que o fazer, já que é preciso justificar os níveis (notas) atribuídos. Este é um trabalho sério e de imensa responsabilidade.

Provavelmente terá que ser assim, temos que chegar a um número (e fundamentá-lo) e os alunos merecem e precisam ver o seu trabalho reconhecido e. ..quantificado. E valorizado numa síntese final.

Feitas as contas e atribuídas as classificações, mesmo não considerando outras variáveis que, uma escala de 1 a 5 não consegue abarcar, resta-nos reintroduzir essa seriação e escalonamento dos alunos no nosso futuro trabalho. E a partir destas avaliações, reflectir sobre o nosso próprio trabalho, corrigir algumas estratégias e reintroduzir outras..Tudo por forma a tornar, as próximas avaliações o mais ajustadas possíveis à realidade dos nossos alunos e sempre procurando que atinjam as melhores classificações ou aquelas que reflictam que chegaram tão longe quanto lhes era possível.

Mas quando observo os resultados finais em pauta  e comparo...As dúvidas surgem.

Enfim, como em tudo na vida, o sistema não sendo perfeito, é o mais transparente e objectivo a que se vai conseguindo chegar, por enquanto.

Valha-nos isso para se conciliar um sono mais reparador ;)



publicado por Marta M às 21:24
Sexta-feira, 26 de Março de 2010

 http://limparportugal.ning.com/ - Vejam aqui as fotos!

E foi!

Pela positiva, muito trabalho, algumas dores musculares e...Muito satisfação.

Quem faz o favor de me ler e acompanhar, sabe que acho os bons exemplos fundamentais - valem mais de que mil discursos...

E que gosto de divulgar boas práticas (e de participar nelas)  multiplicando-as à medida do meu esforço e do espaço de tempo e manobra que vou tendo.

Para diagnósticos pela negativa sem mais, já dei o meu contributo. Agora apetece-me mais "fazer acontecer" algumas coisas que me parecem importantes...

Algumas lá vou conseguindo... Acredito que esta foi uma delas.

Esta iniciativa teve a minha simpatia logo ao arranque, pois conhecendo a experiência da Estónia, logo me ocorreu que nós podíamos e devíamos tentar.

Felizmente que, existiram algumas pessoas que pensaram o mesmo e, deitando as "mãos na massa", colocaram em marcha toda a gigantesca  logística que um evento desta dimensão (100.000! - não me canso de repetir o número!) acarretou.

Esses organizadores sim, fizeram muito, de forma desinteressada e voluntária.

Foi tudo perfeito? Não, mas nunca nada o é completamente, por isso temos que nos habituar a olhar mais para o balanço e menos para os pequenos contratempos que, a serem exacerbados, inviabilizam toda e qualquer iniciativa semelhante.

Corrigi-se alguma trajectória, apuram-se procedimentos e...avança-se!

O meu profundo Bem -Haja a todos eles, mas especialmente aos pioneiros Nuno Mendes, Paulo Torres, Rui Marinho e a Sofia que pegaram inicialmente na ideia. ;)

Contribuí com uma gota, mas foi uma gota necessária ao oceano de boa vontade que varreu este país no dia 20/03.

Fiz a minha parte ( arrastei a família, colegas e alunos).

Venham outras.

Já se sabe que contam comigo ;)



publicado por Marta M às 19:06
Quinta-feira, 18 de Março de 2010

 

  

Aqui: http://limparportugal.ning.com

 

Lembram-se deste meu post?

Pois a iniciativa foi crescendo, contagiando imensa gente, congregando energias e agora é a nossa vez !

Eu sempre achei que era possível e, felizmente para todos nós, pessoas empenhadas, eficazes e positivas, puseram em prárica a ideia e a logística e... milhares aderiram.

Eu e a minha família incluídos.

Vamos limpar este país de norte a sul e já se contam com 100.000 voluntários que vão dar um dia inteiro do seu fim de semana em prol da natureza e da floresta.

Do país, portanto.

Acredito sempre nesta união de energias positivas e na força da cidadania consciente.

É sempre questão de nos dispormos a fazer...

Estas iniciativas conjuntas renovam a minha esperança na humanidade e na sua capacidade de ir "consertando" o mundo.

Passos pequenos, eu sei.

Mas as grandes caminhadas foram sempre iniciadas com um primeiro passo.

Neste fim de semana vamos experimentar exercer a nossa cidadania e até onde chegamos juntos neste campo da protecção da natureza.

Aposto nisso. 

 

Nota: Ainda se aceitam voluntários, basta quem procurem a vossa região no site.

Vamos lá?



publicado por Marta M às 21:18
Sexta-feira, 12 de Março de 2010

Ninguém se dá conta? (clique)

Ninguém se deu conta?

Ninguém percebeu o desamparo?

Ou percebemos e desviámos olhar, ocupados que estamos com as múltiplas tarefas a que temos que dar resposta no dia a dia das escolas? Ou ficámos aliviados por este aluno não estar nas nossas turmas?

Em todas as escolas por onde já passei existiam casos semelhantes.

Acredito que "sabemos" (vemos , ouvimos e lemos... -Sophia M.B) que jé demos por ela, mas...

Ainda na outra semana, uma colega comunicou que havia pedido reforma antecipada (54 anos..) na sequência de uma série de desacatos, faltas de educação e indisciplina constante de uma aluno (e da turma por arrasto) do 6º ano de escolaridade. Esta semana perante o avolumar da situação e, provavelmente, esgotada de tanta sabotagem ao seu dia a dia profissional, apresentou baixa médica por 30 dias...à espera da incontornável reforma.

E todos sem excepção compreendemos as suas razões.

Mas pouco foi feito para além das lamentações e constatações habituais...E a colega lá foi para casa, contrariada (porque sei que a sua vocação é o ensino) à procura da paz que o seu local de trabalho e a vocação lhe negam...

E nós continuamos a nossa vida de sempre, até que o próximo tome o mesmo rumo e faça algo similar. Quando ainda tem tempo e pode.

E as escolas vão ficando carentes de exemplo e apoio, porque são sempre os professores mais antigos e, portanto, mais experientes que são obrigados (fisica e psicologicamente) a fazê-lo.

Porque não podemos sair todos e porque a escola não pode desistir do seu papel -principalmente da instrução - de transformadora social, mesmo quando despejam nelas todas as fragilidades sociais e a falta de valores dos tempos que vivemos... Há que encontrar formas eficazes de lidar como problema da indisciplina.

Antes que seja tarde demais, como foi o caso deste colega (http://www.publico.pt/Educação/ministra-isabel-alcada-apela-a-serenidade-e-equilibrio_1426806), ou do jovem Leandro que, em profundo sofrimento e desamparo, preferiram atirar-se às frias águas do rio do que continuar a enfrentar uma turma de alunos agressivos, com interesses absolutamente divergentes das aprendizagens da escola, mas certamente sem rumo e, um dia, quem sabe, atirando-se (ou sendo atirados) também ao rio, por manifesta falta de futuro...

Uns infelizes, eles e nós.

E daqui a alguns anos, o país.

Haverá alguém responsável que coloque mão nisto e responsabilize as famílias, altere o estatuto do aluno e apoie psicologicamente quem (alunos e professores), por demasiadas razões, não encontra sozinho/a uma saída com futuro?

 



publicado por Marta M às 19:07
Sábado, 06 de Março de 2010

"Virtuais? Quem, estes novos amigos?" -Respondi esta semana a um comentário quando falava sobre esta minha nova faceta blogueira.

Não me parece...

Li ontem no livro Maktub de Paulo Coelho (nestes dias tenho recorrido - novamente, como há 10 anos- à sua escrita e, por alguma razão, anda a fazer-me mais sentido que outras...) e encontrei esta reflexão:

" A vida é como uma grande corrida de bicicleta, cuja meta é cumprir a Lenda Pessoal. Na largada estamos todos juntos - partilhando camaradagem e entusiasmo. Mas, à medida que a corrida se desenvolve, a alegria inicial dá lugar aos verdadeiros desafios: o cansaço, a monotonia, as dúvidas quanto à própria capacidade...Reparamos que alguns amigos desistiram do desafio - ainda estão a correr, mas apenas porque não podem parar no meio da estrada. Eles são numerosos, pedalam ao lado do carro de apoio, conversam entre si e cumprem uma obrigação. Acabamos por distanciar deles; e então somos obrigados a enfrentar a solidão, as surpresas com as curvas desconhecidas, os problemas com a bicicleta.

Perguntamo-nos, por fim, se vale a pena tanto esforço.

Sim, vale. É só não desistir"

É exactamente esse o sentimento que experimento desde que resolvi criar este espaço de partilha que considero ser o meu blog. Encontrei aqui amigos, cujo olhar desconheço, mas que se dispõem a falar (e a escutar...) com atenção uns aos outros e a partilhar as suas dúvidas e... algumas certezas...Não conheço o seu rosto, mas já vislumbrei partes bonitas das suas almas.

Para mim tem sido o bastante.

Quando pensava estar sozinha neste meu sentir - às vezes, excessivamente apurado para o ambiente onde vivo..- encontrei "almas" semelhantes à minha e nenhuma delas me parece virtual.

 

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Este selinho foi-me oferecido pela minha amiga Joana. Só lhe posso agradecer, mais uma vez, o gesto e, passá-lo a quem penso merecê-lo, até mais do que eu.

Regras:

O Prémio DARDOS visa reconhecer o mérito dos blogueiros que se empenham em transmitir valores culturais, éticos e pessoais, através das palavras e da arte demonstrada em seus trabalhos, transformadas num pensamento vivo.”

 

Regras associadas ao prémio:
1. Aceitar e publicar o prémio, juntamente com o nome e o link de quem me indicou;
2. Oferecer o prémio para 15 blogs e comunicá-los da indicação.

 

- Gostaria de oferecer este prémio aos seguintes amigos (e haveria mais...):

Amaria

Entremares

cuidandodemi

Descobrir a felicidade

daplanície

Desabafos de um Angolano

Cantinho da Manu

Doce refúgio

Uma luz na escuridão

A substância da vida

Três Chávenas de Chá

Cristais de Gelo

Onix

Raio de luar

Orquídea Negra

Teorias da Costa



publicado por Marta M às 15:30
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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