Domingo, 31 de Janeiro de 2010

 

O riso é contagioso?

 

 É.

Mesmo que não o tivesse comprovado já inúmeras vezes (felizmente!), lembro o episódio que relatei sobre a minha filha no Registo Civil que, com o seu sorriso aberto e genuíno, fez iluminar o rosto de um funcionário conhecido pelo seu mau-humor militante, que também não lhe resistiu...

Esta semana voltei a sentir o impacto que pode ter em nós um sorriso, se inesperado, melhor.

Existe um colega na escola (como muitos outros lados, já se sabe) que mantém sempre um ar pesado e, talvez, se conhecesse melhor (que não é o caso), arriscaria - triste.

Pois não é que, esta semana, a título de trabalho, ao trocarmos impressões e perante um comentário funcional, esse colega, do nada, abriu um tímido sorriso que teve o poder de o iluminar e, até, de o tornar mais bonito? Parecia que se tinha transformado noutra pessoa!

Eu que estava à espera do registo taciturno habitual, fiquei desarmada.

Depois sorri e, a partir daí, o diálogo foi mais fluído e mais oleado que nunca.

Sei que nem sempre temos vontade de sorrir. Entendo-o até muito bem.

Nunca podemos, ou devemos sequer conjecturar sobre as razões ou as circunstâncias de outrém. Não sabemos nunca, só de conviver, quais as reais circunstâncias de vida de alguém...

Do seu sorriso ou da ausência dele.

Eu que não sou de "riso" fácil, sou adepta de acrescentar um sorriso acolhedor sempre que me cruzo ou dirijo a alguém, na escola como na vida.

Porque faço esse (às vezes) esforço? Porque sei que todos, sem excepção, temos dias maus, em que parece que já não aguentamos a falta de apoio, de carinho ou o tanto que nos cai em cima. Nesses dias, não queremos falar, ouvir e, menos ainda, "aturar" ninguém...E quase tudo nos outros parece ter o dom de nos irritar .

Mas e se os outros, nesses dias, também passam por circunstâncias semelhantes e estão a sentir o mesmo que eu?

Sendo certo que só temos um planeta e nesses dias temos que continuar a dar resposta a todas as rotinas, e os outros também...Há que encontrar formas de nos suportarmos mutuamente, sem nos hostilizarmos pelo convívio forçado, certo?

Encontrei na educação, na cortesia e no sorriso (mesmo que suave) a forma de interagirmos em  paz e, melhor, aliviarmos um pouco a nossa tensão e a dos outros.

Este pequeno filme, retirado de um mail de uma amiga querida, ilustra este meu lema e penso que pode ser contagiante, ajudando a tornar mais leve as cargas. Sejam elas quais forem.

O termo Bodissatva pertence à filosofia Budista e designa seres de sabedoria elevada, que seguem uma prática espiritual e de vida que visa a remover obstáculos e beneficiar todos os demais seres.

Pessoas que acrescentam algo ao mundo, tornando o convívio (mesmo o forçado, neste caso) mais humano e fluído.

Bem-haja por elas.



publicado por Marta M às 18:22
Terça-feira, 26 de Janeiro de 2010

" Sabe que idade tem o meu filho? 8 meses! Esse exame não pode estar certo! - insistia eu, convicta.

- Já lhe disse, não deve haver erro, mas posso lhe fazer outro, se quiser...

- Ai vai fazer vai e é já agora."

Quando desci as  escadas íngremes do laboratório (na altura ainda sem elevador) já não o fiz com o meu habitual passo apressado, agarrei-me ao corrimão com firmeza e assentando cada pé...

Já não estava sozinha e já cuidava do teu bem estar, ainda que só soubesse da tua existência há 10 m.

Pois, foi assim que soube que vinhas a caminho querida filha.

É claro que conheces a história e sabes que fui imediatamente a uma papelaria da Baixa comprar um postalzinho de boas vindas para ti - já o leste inúmeras vezes, não é? - e, a partir desse momento, preparei a tua chegada.

Lembras de te contar que fui comprar uma roupinha nova para o teu irmão para quando ele te fosse ver à maternidade e guardei-a durante 7 meses? Ele estava tão lindo com o seu fatinho azul - ainda que, cá entre nós, sabemos que não te recebeu lá muito bem ;)

Que posso dizer de ti e do tanto que preencheste e preenches (às vezes, reconheça-se, por preocupação) a minha vida?

Que, com o teu irmão, és tudo para mim? Que daria a minha vida, sem hesitar, por ti?

Isso a maior parte dos filhos deste mundo (espero!) já sabem.

O que faz de ti alguém especial para mim, foram todos aqueles sorrisos abertos que inúmeras vezes me foste brindado ao longo de anos, todos aqueles dias em que te ia buscar à hora do almoço ao colégio e corrias para mim como se não me visses há anos, todos aqueles dias em que eu engolia lágrimas e tu esticavas o bracinho e apertavas o meu ombro no carro, ou de todas as vezes que me defendeste e dizias " Não falas assim com a Mata!"...

Ou daquela vez que, por termos discutido antes, entraste no comboio para um passeio com amigos e não conseguíamos parar de chorar olhando uma para a outra da janela, mesmo sabendo que já estarias comigo amanhã...

E que dizer de todos os bilhetinhos e prendinhas que, buscando objectos pela casa, embrulhavas para me oferecer? E das migalhinhas dos bolinhos que te davam na escola e qque trazias no bolso da bata para mim?

E o dia que, com o teu sorriso luminoso, "iluminaste" aquela repartição do registo civil, fazendo sorrir o funcionário tão mal encarado, mas que não resistiu à forma entusiasmada, orgulhosa e genuinamente feliz como te dispunhas a ser medida para o teu primeiro BI.

Esse dia ficou na história ;)

Poderia estar aqui todo o dia lembrando todos e cada um dos bons momentos que proporcionaste ou de como, contigo, experimentei um amor,um companheirismo e uma identificação incondicional e pura daquelas que só conhecia dos livros...

E que  pacificou a minha alma sedenta e me deu a estabilidade que me permite hoje voar e deixar-te voar em paz

Sempre senti que foste feliz na tua infância e que eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para que nada te faltasse, principalmente o que permitiria fazer de ti esse ser humano íntegro e em paz com a vida que acredito te estas a  tornar.

Parabéns querida filha e que Deus te abençoe e ilumine o teu caminho.

 

 

 



publicado por Marta M às 12:54
Sábado, 23 de Janeiro de 2010

 Este ano começa pesado...

Bem tenho tentado ser mais positiva nos posts (como gosto), mas os acontecimentos não têm ajudado.

Ontem, para fechar um mês bastante pesado para a minha mãe, foi o dia em que, ao chegar a casa, ao fim um dia de trabalho, encontrou as janelas da frente arrombadas e a sua casa assaltada.

Não sei se já passaram por isso, mas sentir que estranhos estiveram no nosso "canto", no espaço quase sagrado que é a nossa casa e remexeram e tocaram nas nossas coisas, é absolutamente traumatizante. A minha mãe que é dona de uma energia vital como poucas, ficou arrasada.

Não é tanto pelo que levaram, é pela sensação de ameaça e desassossego que um acontecimento destes instalou  no  seu espírito, ou no de qualquer um de nós, acredito.

Tudo estava de pernas para o ar, as gavetas despejadas e o seu conteúdo notoriamente pisado e conspurcado...Nada muito destruído é certo, mas aquela sensação (e cheiro!) de invasão ficou no ar.

E a casa antes tão acolhedora (onde a minha mãe é tão feliz), lhe parece hoje menos segura e, para ela que vive sozinha, estranhamente ameaçadora. Eu passei a noite em sobressalto, sem conseguir dormir, a pensar na nossa vulnerabilidade e na exposição da "minha" mãe a estas revoltantes circunstâncias.

Hoje o dia foi passado a limpar (será possível fazê-lo mesmo?), a recolocar cada coisa no seu lugar, a mandar instalar alarmes e...a medir as janelas para mandar fazer as inevitáveis grades.

Pois grades, numa casa linda e ensolarada, onde a minha mãe gosta de abrir portas e janelas e deixar entrar todo o sol que existe nos dias...E de olhar em frente as montanhas que cercam a sua casa.

Agora fa-lo-á através de umas grades, pois a onda de assaltos que tem assolado o seu bairro, faz dela (e dos vizinhos)  prisioneiros nas suas próprias casas.

Ironia e injustiça - quem devia estar atrás de grades são outros!

Que mundo é este que estamos a construir afinal?



publicado por Marta M às 17:22
Terça-feira, 19 de Janeiro de 2010

 

  "Uma tartaruga e um escorpião nunca se entendiam, a tartaruga temia-o e conhecia-lhe a natureza...

 Um dia, no meio da tempestade, o escorpião quis atravessar para o outro lado do rio e viu a tartaruga aflita para atravessar para a outra margem, porque nadava com a a cabeça debaixo da àgua e mal conseguia ver o caminho no meio dos detritos que flutuavam...e perguntou:
- Tartaruga, eu vejo melhor o caminho em cima da tua carapaça e ajudo-te, levas-me para a margem mais segura do rio?
-  Não, não levo, escorpião. - disse a tartaruga.
- Então porquê? - perguntou o escorpião, deveras admirado.
- Olha, porque me ias picar e morreria do teu veneno, já se vê! - redarguiu a tartaruga mas logo ripostou a o escorpião...
- Não, não! Sabes porquê? Porque se eu te picasse morreríamos os dois afogados e eu não seria tão estúpido a esse ponto, não achas? Só quero atravessar para outra margem...
A tartaruga pensou, e disse:
- É verdade, escorpião, se me picasses morríamos os dois, e eu não acredito que tu queiras morrer afogado. Anda, salta para a minha carapaça, indica-me o melhor caminho, e eu levo-te até à outra margem!
E assim foi... o escorpião enrolou a cauda com o espigão em sinal de paz e elegantemente pousou na carapaça. Contente com a boleia, o escorpião ria-se e falava animadamente com a tartaruga, até que a meio da viagem, no meio de gargalhadas, o escorpião solta o espigão, espeta na carapaça da tartaruga e injecta o veneno fatal...
E a tartaruga disse admirada:
- Então, escorpião, julgava-te de confiança, agora vamos morrer os dois...
O escorpião encolheu-se e disse antes de morrer afogado:
- Tens razão, desculpa. Mas sabes, vai contra a minha natureza e quanto a isso não posso fazer nada...É mais forte que eu! "
(Fábula de Esopo)

Pois é, eu sei.

Há muitos anos que conheço esta fábula e, aceito-a como uma expressão honesta da nossa condição humana... Infelizmente.

OU pelo menos de algumas condições humanas, rectifico.

Ressalvando desde já que sou uma profunda crente na capacidade de regeneração da humanidade e que sei, todos somos habitados por uma humanidade ancestral e comum, e que, com o esforço certo, todos podemos aceder a ela...

Pois, mas nem todos têm acesso ao caminho que nos conduz a ela, porque não tiveram o exemplo ou o apoio na medida que precisaram e outros, pura e simplesmente, não querem, não sabem ou não conseguem mudar.

E a nós, que estamos perto ou nos cruzamos com eles na vida, resta tentar/saber reconhecê-los e, nesse exercício, mesmo ajudando-os, preservar-nos e tomar as devidas precauções.

Sim, e esquecer o nosso ego que nos faz pensar ingenuamente que, a mim,

ela/e não fará isto, ou aquilo...

Fará. Não tem a ver connosco, ou com o tanto que fazemos, mas sim com ele/a.

É uma questão de tempo ou situação.

 

 

Nota - Exemplos:http://www.ionline.pt/conteudo/42543-ali-agca-volta-atacar

 



publicado por Marta M às 10:44
Terça-feira, 12 de Janeiro de 2010

 

Não há muito mais que eu possa dizer, pois não?

 

 

Ao N. e à D.

 À Nucha.

E a todos os que tiverem amigos e familiares com cargas demasiado pesadas

nesta semana.

Abraço do coração, na certeza de que melhores dias virão e que, no fim,

Todos

ficam mais fortes depois da tempestade passada.

Haja forças para o entretanto...

Prometo fazer a minha parte.

 

 



publicado por Marta M às 19:53
Quinta-feira, 07 de Janeiro de 2010

Post para ti amiga: 

 

      "No meio da vida, os adultos confrontam­‑se com uma multiplicidade de experiências que apelam a reestruturações relacionais e concorrem para esta tomada de consciência da finitude da vida. Desde logo, o declínio e morte dos pais, no momento em que o próprio corpo dá sinais de perda de juventude. Os pais que precisam ser cuidados são uma estranha versão de filhos (Oldham, 1989), mas a caminho da morte e não da vida. Ao tornarem­‑se “pais” dos seus próprios pais, os adultos de meia­‑idade experimentam a perda de suporte da geração anterior, ao mesmo tempo que devem adaptar­‑se à emancipação dos filhos que, mesmo quando não saem de casa, já não são os filhos da infância, mas competem pelo poder e influência na família, tal como a sua geração compete pelo poder na sociedade. Os adultos de meia­‑idade ainda são quem frequentemente detém a responsabilidade na família e na sociedade, a geração que comanda – mas que fundamentalmente faz a ponte entre a geração dos mais velhos e a geração dos mais novos. São a “geração sanduíche” (Zal, 1993), estão no meio, e creio que é este o significado mais forte de meia­‑idade e meio da vida.

Os anos da meia­‑idade são fundamentalmente caracterizados pela experiência psíquica interna de confronto com a morte (a morte de que a geração anterior se aproxima), e por um balanço e avaliação da vida vivida, aquela que a geração dos mais novos está agora a atravessar. O tempo urge, há sonhos que já não se podem realizar, há sonhos realizados que não deram a satisfação esperada. O tempo urge, porque limitado(...)"-Teresa Fagulha (Professora Associada da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.)

Nesta semana em particular e porque tenho uma amiga próxima e querida a passar por situações delicadas e muito difícieis de gerir ao mesmo tempo, com pessoas muito amadas em situação de fragilidade, fiquei bastante sensibilizada para estas situações dificílimas de viver por parte das/dos cuidadoras/os que, pelo país fora, apoiam a todos, em tudo, ao mesmo tempo.

Pessoas como ela são conhecidas pela imagem sugestiva (e claústrofóbica) de : "Geração sanduíche"...Compete-lhes cuidar e amparar a geração ascendente e continuar a cuidar, com zelo e devoção da geração descendente que ainda permanece em casa, ou que pela idade, ainda necessita de muita supervisão.

 Entaladas (porque a maioria dos cuidadores são mulheres) entre dois mundos distintos e exigentes, estas cuidadores têm a sua vida pessoal "em suspenso"...Mais ainda porque imensas vezes falamos daqueles que mais amamos ou que merecem/precisam irremediavelmente do nosso amparo... 

Fora todas as outras, com as quais nem temos tanto carinho ou afinidades mas que, por diferentes razões, só podem contar connosco em determinadas fases.

Estas cuidadoras vivem divididas entre o tanto que querem (devem) fazer e o que realmente conseguem concretizar...

E as solicitações não escolhem dia, nem hora, nem respeitam agendas...

As necessidades dos que estão (vão estando) ao nosso cuidado ecoam dentro de nós e instalam uma constante angústia, quer pela incapacidade de tudo gerir com eficácia (porque humanamente impossível), quer pelo cansaço (e o físico é aqui acrescentado em grandes doses...) que nos vai invadindo pela permanente disponibilidade...

Ou pela culpa e sensação de não conseguir dar conta do recado que nos impede de dormir.

Nesta fase, é muito importante como refere a minha amiga cuidandodemim,  cuidar (também) de nós, preservar-nos um pouco, para continuarmos a ter forças e animo para dar resposta a tudo com um mínimo de qualidade e humanidade e...Amor!

Força amiga - Sei que, apesar de tudo, no fim, vais dar conta do recado.

Os que contam contigo sabem que não lhes fallharão as contas.

E tu contas comigo ;)



publicado por Marta M às 22:13
Sábado, 02 de Janeiro de 2010

 

JANUS

 

   Eu, confessa pouco apreciadora da Mitologia Greco-Romana, invoco hoje este deus romano, antigo rei do Lácio, considerado o protector das portais das cidades e dos caminhos, das transições e, também, dos inícios e fins. O seu principal templo, em Roma, apenas se encerrava em tempo de paz, simbolizando uma continuidade estável.

A sua representação é feita a partir de uma esfinge com duas faces opostas, por lhe ser atribuída uma extraordinária sagacidade que lhe permitia ver simultaneamente o futuro e o passado e cuja homenagem ocorria no primeiro dia do ano do calendário romano e dava o nome ao seu primeiro mês (Janus = Janeiro).

Pelo dito se compreende que neste iníco de ano, em que mesmo a partir de uma construção fictícia de "transição" e "paragem" no tempo, faça algum sentido falar deste personagem mitológico para ilustrar esta ideia de transição entre o fim de um ciclo e o início de outro.

Desde os tempo primordias que o Homem tem tentado controlar o tempo e o seu destino, ou a mudança dele. O calendário instituído, para mim, é só mais uma face dessa tentativa..

Se calhar precisamos muito deste marco, desta mudança de numeração, desta ideia de renovação e desta sensação  de deixar o menos bom para trás e que "recomeçamos"...

Ou temos, ao menos numa época específica do tempo, a possibilidade de mudar ou aspirar a novos propósitos...

E no entanto mantemos uma linha de continuidade que nos dá alguma segurança...

Mesmo que, olhando mais de perto, nem tudo seja totalmente verdade ou real.

A condição humana tem destas contradições e, assim sendo, a imagem de Janus ilustra na perfeição essa "ruptura" na  linha contínua do tempo.

   E porque somos apenas humanos e estamos em época de desejar aos

amigos queridos e a todos os que fazem o favor de me visitar,

Um bom Ano Novo,

fica uma mensagem de esperança e de renovação:

    

 



publicado por Marta M às 19:53
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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