Desespero e cansaço...
Numa semana particularmente marcada por problemasde indisciplina na escola, em que o meu já conhecido aluno C., vai ser suspenso pela segunda vez em um mês, escutei falar deste filme e assustou-me a compreensão/empatia que senti em relação a esta professora (Isabelle Adjani)...
Acredito que muitos de nós já teremos estado à beira de perder a cabeça no dia-a-dia da nossa profissão. Mas à escola pede-se, às vezes, que resolva todos as lacunas da sociedade e das famílias...E nós, por mais que nos esforcemos, não conseguimos sozinhos.
Temos feito (professores, funcionários, psicóloga) um esforço enorme no sentido de contornar a perturbação causada nas aulas pelo C., e tentado encontrar estratégias que permitam "retê-lo" na escola, percebemos o desespero da sua mãe (agora que entretanto ficou viúva e o C. perdeu o pai...), percebemos que somos a última chance do C. e que, uma vez expulso da escola, o seu caminho será o da marginalidade...
Nós sabemos. Mas estamos a ficar sem alternativas e isso faz-me sentir uma impotência que não me deixa dormir bem...
Ainda não desisti dele, continuo a acreditar que estando ali nas minha aulas, tentando que aprenda algo e inserido numa comunidade com exemplos positivos, retardo a sua "queda" , chamemos-lhe assim. Mas depois vejo como a minha energia é totalmente absorvida por ele e, os outros meninos não têm de mim, de nós, a atenção que merecem e estão a ficar muito aquém do seu potêncial.
No fim do dia percebemos que a escola não esta a exercer a sua principal função: instruir e socializar todos.
Todos os 249 alunos da escola precisam de nós e do nosso empenho, não deixar "ninguém" para trás tem sido um equilíbrio difícil de conseguir.
Obrigada por me lerem, escrever ajuda-me a pensar.
Nota: