Segunda-feira, 16 de Agosto de 2010

 

Sempre quis ser mãe.

Desde que me lembro, brincava de ser mãe, sonhava ser mãe.

Por isso, desde sempre soube o teu nome e sabia que um dia seria a tua mãe.

Desde criança e sempre que algo corria mal ou era claramente disfuncional, eu prometia a mim mesma que, um dia, eu seria diferente.

Eu faria de outra forma, eu cuidaria e escutaria os meus filhos de outra forma...

Podia não saber exactamente o que faria, ou como chegaria lá, mas sabia de certeza que coisas nunca faria.

Recordo-me-me de ir buscar o resultado do exame e de como me senti em estado de graça a partir daquele "positivo".

Lembro-me de todo o tempo da gravidez, do corpo que ia mudando, de sentir os teus primeiros  movimentos cá dentro, de vivenciar o "milagre" da vida que crescia, de estar contigo tão próxima e acompanhada durante 9 meses, e de todas as conversas  e planos que ia combinando contigo enquanto devorava gelados e pão com pickles...

Tu foste o meu primeiro filho e isso mudou a minha vida, alargando-a de uma forma que nunca mais ela pôde caber onde existia antes.

Lembro-me da tua pele, do teu cheiro...Mas principalmente dos teus olhos negros e enormes a olhar para mim.

Sim, olhaste para mim. E eu para ti. E abraçava-te, desejando que aquele abraço nunca se desfizesse.

E tudo foi intenso e quase diria, acima do mundo. Mágico.

O momento de volta à realidade  só ocorreu quando te mudei a fralda pela primeira vez..

O momento ficou gravado em mim (conheces o episódio).

Ao olhar para ti, despido, borrado e absolutamente indefeso...Percebi.

Percebi a imensa responsabilidade que recaíra sobre mim, percebi que era totalmente responsável por ti e que tu dependias de mim.

E chorei. Chorei muito e alto.

As enfermeiras e o teu pai não entendiam , nem conseguiam acalmar o meu choro.

A emoção era gigantesca para que eu a pudesse conter dentro de mim. E eu deixei que saísse.

Depois, assumi por inteiro, tratei de ti naquele dia e até hoje, e pretendo levar este compromisso até ao dia da minha morte. Sem intervalos.

Prometi-o a ti e a mim naquele dia e entreguei-te o meu coração.

E continuo a fazê-lo, mesmo hoje que cumpres 25 anos. Cuido de ti e faço-o com o coração aberto e sempre pensando em ti e nas tuas necessidades primeiro.

Também naqueles dias em que não o reconheces.

Mesmo quando te disse não, e doendo-me o teu olhar, fi-lo porque acreditei que era o melhor para ti...

Para mim era infinitamente mais fácil (e se calhar melhor, que sei?) ter-me alheado, deixado correr e relaxado.

Mas e se comprometesses o teu futuro? Tens ideia, perante o que me foi dado viver, o pavor que sentia?

Podia ter sido mais tua "amiguinha" que tua mãe? Podia, mas eu tenho outras responsabilidades e outra experiência e actuo em função delas.

Para frases-feitas e para fazer coro, nunca tive jeito.

Ou para fazer de conta que não via...

Eu sou a tua mãe, actuo como tal, orgulho-me de o ser e orgulho-me de ti.

Olhando para ti, para a pessoa íntegra e talentosa que és, acredito que os acertos foram infinitamente maiores do que as falhas.

E sinto que estive à altura da promessa que te fiz há 25 anos na maternidade.

Lembras-me, cobras-me por excessos, e sinto que tens alguma razão, mas ser mãe por inteiro é tarefa difícil de dosear...

Um dia contas-me.

 

Entretanto...Parabéns meu filho!

 



publicado por Marta M às 00:40
olá, Então parabéns a filhota e para ti tb.
um beijinho e um fia feliz.
Isa a 16 de Agosto de 2010 às 11:21

Olá Isa!
SIm obrigada pelos votos e pela tua atenção.
:)
Abraço
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:11

Que bonito Marta. Muitos parabéns para a tua filha (ou filho), mas sobretudo para a mãe corajosa e atenciosa que tens sido ao longo destes 25 anos. Tenho a certeza que se orgulha muito de ti!
Bjns
cuidandodemim a 16 de Agosto de 2010 às 12:02

Olá!
É filho! E grande :)
Às vezes quero tanto impedir a devassa da privacidade que me excedo ;)
Tenho tentado ser tudo o que referes, e todos os dias..
Mas nem sempre é reconhecido...
Mas penso que fará parte da idade (digo eu para me consolar...)
Abraço
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:14

Olá Marta! Primeiro muitos parabéns ao filho e depois imensos parabéns à mãe esta mulher corajosa, amiga, porque não é por "facilitarmos ou dificultarmos" a vida deles que não somos amigas. Somos sim senhor? Mas somos mulheres que pela primeira vez se vêem a braços com uma pessoa a que demos vida e por quem somos responsáveis e daí em diante nada é igual. Passa a ser mais trabalhoso, mais difícil mas infinitamente mais belo, mais doce. Amiga ao sermos mães descobridos o entido da vida e aquele cheiro dos nossos filhos no primeiro dia, nos primeiros meses fica sempre entranhado e ao olharmos para eles sabemos (temos a certeza) que somos capazes de fazer a obra mais bela do mundo. Quando eles são assim é uma bênção mas foi graças a si, graças á mãe e ás noites em branco aos dias de zelo e ao amor e infinita amizade e cumplicidade que se estabelece entre mãe e filho/filha. Como sempre escrevi demais tudo porque entendo tão bem esta alegria do dever quase cumprido (porque nunca está) do que é ser mãe. PARABÉNS AOS DOIS AMIGA e para ele todas as coisas boas do mundo hoje e sempre.
FatimaSoares a 16 de Agosto de 2010 às 14:51

É verdade Fátima, nunca está.
Eu sei que entende, a maioria de nós tenta ser melhor pessoa pelos filhos e para os filhos.
Sei que, de ter tentado de "menos", nunca ninguém me vai acusar.
Pelo menos não o fará ao abrigo da justiça...
O resto é também um salto de fé ;)
Abraço
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:16

Olá, Marta!
Primeiro que tudo os meus parabéns por ter assumido na integra o seu papel de MÃE, que soube dar conselhos avisados e dizer NÃO na hora certa. Isto é que é AMAR seu filho, na integra!
Jamais se arrependa de alguma vez lhe ter dito NÃO, porque dar os amens por inteiro não é amar, é demissão parental...!!!
Parabéns querida Amiga Marta!
Parabéns ao seu filho pelos seus 25 anos, e por ter uma Mãe tão Mãe...!!!
Abraço a todos
Marcolino
Marcolino a 16 de Agosto de 2010 às 22:41

Marcolino:
SIm, sempre pensei mais neles e no benefício deles do que em mim...E isso colocou-me a salvo de ouvir tudo?!
Não.
Nem de ver o olhar de revolta contra mim quando um "não" foi inevitável.
Estranha a vida, não estamos a salvo de nada e nem sempre há reconhecimento, mas continuamos a fazer a nossa parte, não é?
Um dia quem sabe, ao passarem pelo mesmo, entendem.
Durmo muito tranquila e isso não tem preço ;)
É por aí que me alinho ;)
Abraço e obrigada pelas boas palavras ;)
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:21

Querida Amiga Marta,
Não se entristeça cons acriticas do seu filho pois ele, quando «crescer», isto é, ficar no seu papel de pai escutará de si aquilo que eu já disse às minhas filhas, que me criticaram imenso pelos meus nãos, e certas orientações sensatas:
Meus amores, nunca por nunca desejava estar sob a vossa alçada, tal como vossos filhotes estão, pois meu pai foi muito mais liberal, e democrata, do que vocês são, e deu-me aquela liberdade que sempre vos dei, nunca por nunca vos tirei a liberdade de agirdes, dentro do racional e do sensato.
Estais a degradar-lhes aquilo que mais une os seres humanos, a liberdade de agirem sem coacções, plenos de um amor próprio sem beliscaduras, ou mesmo outras coisas bem piores...!
Abraço
Marcolino
Marcolino a 22 de Agosto de 2010 às 07:50

Olá Marta
Hoje descobri a faceta da Marta "MÃE", mãe por inteiro, doando-se, entregando-se de corpo e alma ao compromisso assumido a partir do dia em que soubeste que carregavas dentro de ti um amor maior.
25 anos passados e pelo que li, não duvido que a tua missão foi cumprida em plenitude e será para sempre. o teu filho orgulhar-se-á sem dúvida da mãe que tem, mesmo nas alturas em que se impõem um "não".
O meu desejo sincero é que continuem a trilhar lado a lado um caminho de respeito, valores, alegria e cumplicidade.
Parabéns Marta pela oportunidade de que me deste em reconhecer em ti a pessoa assertiva, carinhosa, firme e ternurenta...uma mãe por excelência!
Parabéns para os dois.
Beijos
Manu
Existe um Olhar a 16 de Agosto de 2010 às 22:55

Manu:
Este era (e ainda é) o meu maior projecto.
Se acertei? Acredito que sim. Diria que de tanto cuidado e atenção a esta parte da minha vida, construí algo.
E alguns dias acho que fui muito mais longe do que alguma vez a minha "bagagem" faria prever.
Se tanto empenho e amor me colocou a salvo? Não, nem sempre...
Mas parece que não estou sozinha nessa situação.
Mas tenho a certeza que pouco poderia ter feito melhor e portanto estou em paz.
É um amor imenso, não é?
Abraço e obrigada por seres essa amiga presente e gentil.
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:34

Marta,
Que lindo este teu texto e sentimento de puro e intenso Amor de Mae.

Muitos Parabéns ao teu filho e a Ti!

Um imenso abraço e Muitos Parabéns por esse coração que a cada dia mais carinho e admiração sinto por ele.
Caminhando... a 16 de Agosto de 2010 às 23:07

Joana:
Sou demasiado transparente e emotiva nesta área da minha vida, não é?
É que os meus filhos, principalmente pelo tanto que vivi antes de os ter, são o projecto da minha vida.
E dão-lhe cor ;)
Abraço e obrigada pela sensibilidade
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:40

Adorei!

Eu sou pai. E sempre faço um grande esforço para compreender a feminilidade, porque é muito diferente da masculinidade. E esforço-me e esforço-me e nunca consigo grande coisa, porque não posso deixar de ser o meu género, mesmo que pense que me escapam coisas importantes, nada posso fazer do que esforçar-me, mas não consigo.

Você me ajudou tanto, mas tanto.

Por momentos permitiu que eu "fosse mãe", mas sei que não compreendi tudo. Deu-me pistas, acompanhei a viagem...adorei.

Muitos parabéns querida mamã.

Como devemos amar as mamãs..., !

As mamãs sabem o que o amor é!

Obrigado querida!

Anseio por saber mais.

bento
porta-estandarte a 16 de Agosto de 2010 às 23:35

Olá e seja muito bem vindo a esta tribo ;)
É bom ter também a perspectiva masculina sobre estes assuntos que colocam de avesso o nosso coração ;)
Já visitei o seu blog e fiquei agradada com a forma empenhada, humana e franca como fala da sua fé.
Bonito.
Volte sempre ;)
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:43

Olá marta
a minha filha tem 19 anos e acho que não é nada fácil ser mãe.
Saber dosear a liberdade, saber dizer não na altura certa, é tão complicado.
Tenho tido sorte com a minha, sim porque até para isso é necessário sorte.
Quantas vezes vemos uma mãe com 3 ou 4 filhos e apesar de serem todos educados da mesma forma, são diferentes uns dos outros.
Beijinhos

geriatriaaminhavida a 17 de Agosto de 2010 às 00:09

Olá e seja muito bem vinda a esta tribo ;)
Hoje sãó só visitas novas!
Sim, ser mãe é "missão quase impossível" e...das mais ingratas!
Os meus filhos têm apenas 15 meses de diferença, por isso passei sempre tudo a dobrar e a ter que lutar com dois que se apoiavam mutuamente contra a autoridade inevitável.
Foi (é) duro, mas cá me vou aguentando com a esperança que esteja mesmo a construir algo ;)
Já visistei o seu blog emanifestodesde já a minha admiração pelo seu trabalho, que não é certamente fácil.
Por outro lado ainda bem que se encontram pessoas sensíveis a fazê-lo. ;)
Dormimos todosmais descansado, porque um dia, não tão longe quanto parece, precisaremos do apoio de alguém.
Abraço e volte sempre ;)

Marta

AbrAA
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:48

Venho deixar um beijinho com carinho e desejar bfsemana.
FatimaSoares a 20 de Agosto de 2010 às 19:19

Olá Fátima:
Desculpe o atraso, mas ainda vou a tempo de desejar-lhe um bom fim de semana.
Obrigada pela gentileza ;)
Abraço
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 22:51

Amiga Marta M.
como me identifiquei nestas palavras ...
Lamento não ter dado os parabéns na hora certa, desejo de todo o coração a uma mãe muito Mãe, toda a sorte do mundo para o filho e tudo de bom para a Marta.
Um beijinho
Rosinda a 21 de Agosto de 2010 às 21:31

Rosinda:
Eu seique entende e se identifica sobre a experi~encia que descrevi...
Li o post sobre o seu filho e o último "Vale sempre a pena" que me deixou a pensar...Muito.
É tão lindo aquele tempo em que os filhos são pequenos e podemos amá-los com o coração completamente desprotegido, não e?
Depois o amor tem que se transformar sem se perder...
É nesse processo que me encontro, entende?
Abraço e obrigada
Marta M
Marta M a 21 de Agosto de 2010 às 23:03

Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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