É esta a frase que ano após ano, escrevo, ao despedir-me deles, no quadro negro, na minha última aula em cada turma.
Porquê?
Porque no fim tudo se há de resumir a isso. Às escolhas que em cada momento cada um daqueles jovens há de fazer...
E hão de fazê-las por recurso à cultura que têm e à informação que tiverem acesso.
E à sua circunstância, claro. Mas isso já eu não posso influenciar para além de um certo limite...
É por isso que procuro ensina-los a pensar a partir e para além dos conteúdos programáticos..
A noção clara da instrumentalidade dos conhecimentos que lhes vou tentando passar devem, para além de todos os dados e datas, permitir que tenham do mundo uma visão geral e organizada que lhes permita interpreta-lo, interagir com ele de forma assertiva e permitir que se tornem cidadãos conscientes e...interventivos. Sim interventivos, porque o mundo é principalmente o que nós fazemos dele e não somos meros espectadores.
Ou não podemos ser, diria melhor.
Fiz uma proposta aos meus alunos do 9º ano, nestes termos:
"Já se sabe que a melhor forma de aprender é aprender fazendo.
Assim e porque a História deve fomentar o teu espírito crítico e contribuir para a construção da tua cidadania plena, proponho que reflictas sobre os conteúdos leccionados nas nossas aulas e, a partir dos factos e da tua reflexão sobre eles, fales sobre a paz e sobre a tua/nossa responsabilidade na sua construção e manutenção.
Questão Orientadora: “ O que aprendi sobre a Paz ao estudar as duas Guerras Mundiais do Século XX.”
Os alunos agarraram na ideia e, mais ainda, quando acrescentei à proposta a ideia ilustrativa de, nesse dia, fazermos uma exposição na escola e virmos todos vestidos de hippies, recriando um certo ambiente (com reservas, claro) à Woodstock (com violas, pandeiretas e a rádio escolar) e oferecendo flores e música a toda a comunidade escolar. A actividade foi um sucesso e eles para além dos trabalhos exposto (Cartazes, dossier, Powerpoints, etc) o espírito de "renovação" e de esperança dos anos 60 e dos seus Movimentos Cívicos, entrou nas suas mentes e impregnou o seu vestuário e quero acreditar, os seus corações...
Mas o mais bonito foi verificar o quanto aprenderam sobre a vida e sobre a humanidade que todos partilhamos a partir do estudo dos temas do programa e deste trabalho final.
A história, repito-o deve ensinar o valor de cada homem e a dimensão que pode tomar o seu seu contributo pessoal, ou que existiram soluções melhores que outras e que as crises já existiram e foram, de uma forma ou de outra, ultrapassadas. E que, como em tudo na vida, há que relativizar e dar a cada questão o seu tamanho, mas principalmente, às vezes, tempo ao tempo.
Provavelmente no próximo ano não estarei com eles ( o nosso agrupamento foi extinto e eu mudo de escola) mas acredito que ficou lá uma semente que há de florir...
Mesmo que eu não presencie, sei que, numa ou noutra altura, estas aprendizagens hão de ser-lhes úteis.
Deixei-os sair da sala com essa certeza.
;)