Sexta-feira, 12 de Março de 2010

Ninguém se dá conta? (clique)

Ninguém se deu conta?

Ninguém percebeu o desamparo?

Ou percebemos e desviámos olhar, ocupados que estamos com as múltiplas tarefas a que temos que dar resposta no dia a dia das escolas? Ou ficámos aliviados por este aluno não estar nas nossas turmas?

Em todas as escolas por onde já passei existiam casos semelhantes.

Acredito que "sabemos" (vemos , ouvimos e lemos... -Sophia M.B) que jé demos por ela, mas...

Ainda na outra semana, uma colega comunicou que havia pedido reforma antecipada (54 anos..) na sequência de uma série de desacatos, faltas de educação e indisciplina constante de uma aluno (e da turma por arrasto) do 6º ano de escolaridade. Esta semana perante o avolumar da situação e, provavelmente, esgotada de tanta sabotagem ao seu dia a dia profissional, apresentou baixa médica por 30 dias...à espera da incontornável reforma.

E todos sem excepção compreendemos as suas razões.

Mas pouco foi feito para além das lamentações e constatações habituais...E a colega lá foi para casa, contrariada (porque sei que a sua vocação é o ensino) à procura da paz que o seu local de trabalho e a vocação lhe negam...

E nós continuamos a nossa vida de sempre, até que o próximo tome o mesmo rumo e faça algo similar. Quando ainda tem tempo e pode.

E as escolas vão ficando carentes de exemplo e apoio, porque são sempre os professores mais antigos e, portanto, mais experientes que são obrigados (fisica e psicologicamente) a fazê-lo.

Porque não podemos sair todos e porque a escola não pode desistir do seu papel -principalmente da instrução - de transformadora social, mesmo quando despejam nelas todas as fragilidades sociais e a falta de valores dos tempos que vivemos... Há que encontrar formas eficazes de lidar como problema da indisciplina.

Antes que seja tarde demais, como foi o caso deste colega (http://www.publico.pt/Educação/ministra-isabel-alcada-apela-a-serenidade-e-equilibrio_1426806), ou do jovem Leandro que, em profundo sofrimento e desamparo, preferiram atirar-se às frias águas do rio do que continuar a enfrentar uma turma de alunos agressivos, com interesses absolutamente divergentes das aprendizagens da escola, mas certamente sem rumo e, um dia, quem sabe, atirando-se (ou sendo atirados) também ao rio, por manifesta falta de futuro...

Uns infelizes, eles e nós.

E daqui a alguns anos, o país.

Haverá alguém responsável que coloque mão nisto e responsabilize as famílias, altere o estatuto do aluno e apoie psicologicamente quem (alunos e professores), por demasiadas razões, não encontra sozinho/a uma saída com futuro?

 



publicado por Marta M às 19:07
Marta, como disse mais que uma vez, adorava ter sido professora, mas nos dias que correm e conhecendo-me não seria fácil. Os valores estão a ficar esquecidos, cada vez mais os jovens ficam entregues a eles próprios, sem orientação famíliar. Não consigo entender, mas quanto mais se evolui num sentido, perdemos noutro. Antigamente o lema era;Um por todos e todos por um. Agora é; Eu por mim e Deus por todos.
OBRIGADA POR DAR RELEVO A ESTAS SITUAÇÕES.
UM BEIJINHO
Rosinda a 13 de Março de 2010 às 18:35

Olá!
Passei aqui e vou agora apenas responder a um comentário...
Nãoconsigo dar atenção ao meu blog como gostaria... :(
Vou ter que meter licença sem vencimento e viver do blog ;)
Hoje, sem contar com as aulas da manhã, correcções de testes à tarde, depois de dar atenção à minha outra "frente" - Mãe e dona de casa - ainda tenho que pensar a orientação dar às aulas do 9º para amanhã às 8,20H...

E não fico por aqui!
No fim de semana tenho ainda, para além dos testes 9ºano, sou voluntária no LIMPAPORTUGAL (eu e vários alunos)...
Se "sobreviver" com os meus 48kg... vai ser giro ;)
Isto de ser professora,(como em outras tantas profissões) e super mulher..Já custa!
;)
Abraço e obrigada pela presença amiga.
Marta M
Nota: Por tudo que leio seu, acredito que também seria uma belíssima professora. ;)
Marta M a 17 de Março de 2010 às 22:25

Vivemos tempos muito difíceis minha amiga. Inúmeras doenças nos assolam. Muito nelas tenho reflectido, mas não consegui ir além do diagnóstico. A não ser que... Haja um pequeno gesto tal como no vídeo do último post da nossa amiga Joana que hoje vi sob uma outra perspectiva. Quem sabe? Pelo menos, que não nos demitamos de o tomar.
Bom resto de domingo (pleno de testes com certeza...) e um abraço feliz com o sol que de novo brilha.
descobrirafelicidade a 14 de Março de 2010 às 12:07

Teresa:
Minha amiga. Tens razão, não vamos quase nunca para além do diagnóstico. E isso é...assustador.
Ou porque não vamos tendo respostas capazes, ou porque inexequíveis (ou apenas difíceis para a nossa condição?) e o tempo passa.
Mas não sei, a cada dia me parece que tenho menos paciência para "deixar andar"..Já devia estar mais conformada...
Mas não está em mim.
Desde pequena que tenho esta "mania" de tentar "consertar" o mundo.
E pouco me tem aiantado, lá isso.
Marta M a 18 de Março de 2010 às 12:11

Amiga :)

Na minha opinião, os jovens cada vez têm menos respeito pelas pessoas e pelas coisas, e juntamente com o facto de as famílias cada vez mais, passarem o tempo a trabalhar as crianças são postas como que se fosse obrigação da escola dar a educação que os pais não dão em casa. A função da escola é ensinar não é dar a educação que não têm em casa.

Um exemplo verídico, numa escola do ensino básico, no 1º ano existe um caso de Bulling e as crianças são tão "selvagens", passo a expressão. Os pais para compensarem o tempo que não passam com os filhos deixam-nos fazer tudo o que querem não se lembrando que só fazem mal em vez do bem.

Admire-se se daqui a uns anos tiver que ser a escola a dar educação e a transmissão de valores e normas que teriam que ser dadas dos pais aos filhos.

Acho é que já ninguém está para se chatear, assim sendo o barco anda ao rumo da maré, até que um dia vai naufragar depois vemos o estado real das coisas.

Enfim, faz-se o que se pode mas não se chega a todo o lado :(

P.S.: No inicio de Abril vou para estagio e em depois vou a exame para entrar na Faculdade.

Ainda sou tão nova para ir para lá :D
Patrícia Mateus a 14 de Março de 2010 às 17:36

Querida Patrícia:
Muitas vezes penso em ti e em como estarás de animo e forças..
Pelas tuas palavras pareces tão bem. Mas eu sei que escreves bem e de forma sensata e assertiva, mesmo quando não passas pelos teus melhores momentos...
Por isso já sabes que em qualquer momento contas comigo, não é?
Conheço a tua força ;)
Por isso, e apesar de , como dizes, seres novinha, estás perfeitamente à altura de entrar na Univesidade. O que seria um orgulho para mim - Já sabes!!!
A escola, como a vida, não está fácil.
Tens razão.
Irei à escola antes da Páscoa. Espero.
Estão todas bem?
Beijinhos grande para ti e e obrigada pela visita.
Marta
Marta M a 18 de Março de 2010 às 20:21

Olá amiga Marta!

É triste mas cada vez os valores que antes eram essencias e importantissimos agora são postos de lado como uma tremenda facilidade.
Os jovens hoje estão a auto educar-se o que faz com que limites não existam dando azo a toda uma serie de violencia. É triste realmente que os pais não vejam que é necessário amparar, mimar, ouvir e dar atenção às crianças.
Quando chegam depois à adolescencia é muito dificil impor limites, daí que, profesores por exemplo sejam alvo de todo o tipo de violencia.

Um beijinho Marta e que te consigas (bem como a Teresa!) sempre proteger-te de situações deste tipo.
Caminhando... a 15 de Março de 2010 às 16:30

Joana:
Como bem referes, é cada vez mais difícil exercer a profissão docente...
Mas eu não desisto. Ainda não. ;)
Não enquanto pensar que consigo fazer a diferença.
Ainda que seja com um aluno, ainda vale a pena o empenho.
Podemos mudar uma vida e isso é "enorme", não é?
Abraço grande
Marta M
Marta M a 18 de Março de 2010 às 21:28

Olá Marta
Muito tenho pensado nos assuntos que aqui abordas.
Consternada ouço as notícias sobre professores e alunos que se deixam abater com a falta de valores, de ética, de princípios que pouco a pouco vão submergindo o nosso quotidiano que gostávamos que fosse de esperança e alegria.
O panorama não é animador e os nossos governantes fecham os olhos ao drama que se vive nas nossas escolas e ao crescente acréscimo de professores desanimados, cansados, desmotivados e constantemente desautorizados.
Dizem que antes de se recomeçar, por vezes há que atingir os caos e caos é o que se vive neste momento no ensino, vamos ver se inventam soluções para tamanho desânimo. Temo, que quando essa solução aparecer, seja tarde demais.
Nestes últimos tempos, não encontro um único professor que esteja feliz e que acorde com energia, pronto para fazer aquilo que mais gosta...ENSINAR
Espero que o teu desejo de encontrar um modo de colocar mão na balbúrdia que se instalou, surja com a brevidade desejável.
Coragem Marta!
Beijos
Manu
Existe um Olhar a 15 de Março de 2010 às 23:45

Manu:
Que triste escutar (e confirmar, porque já sabia) que já não se encontram professores felizes com a sua profissão...
Algumas coisa podiam ser alteradas.
Tenho feito propostas e...a minha parte.
Ainda acredito que a razão há de vencer.
Sempre vence.
Só não sei se não se tem que bater no fundo primeiro.
:(
Abraço chuvoso, mas grato!
Marta M
Marta M a 19 de Março de 2010 às 22:22

Boa tarde PROFESSORA Marta:

Bem sabe que tenho muito a dizer sobre este assunto. Mas vou tentar ser comedido.
Hoje, os responsáveis das instituições procuram esconder os problemas sob o "tapete", para, por um lado, não prejudicar a sua própria avliação e por outro outro, para não causar alarme social. Lá diz o ditado; "pena que não se vê não se sente". Contudo assim não é e assim não será. O lixo que varrer-mos hoje para tráz da porta, teremos que o limpar amanhã.
Efectivamente, todos sabemos há muito tempo que a indisciplina é crescente nas escolas, nas ruas, em todo o lado, até nos tribunais. Ela entra-nos casa adentro. Uns tentam pôr paninhos quentes e outros aproveitam-nas para tentar melhorar as suas condições salariais. Parece que ninguém percebe que é preciso dar condições às pessoas para trabalhar.
Actualmente, no meu trabalho, todos querem é conseguir uma boa classificação e por isso ninguém está disposto a agitar as águas. Com o que está mal, ninguém se interessa, todos dizem: "isto não é comigo, quem de direito há-de resolver". Em consequência, os automóveis circulam com os pneus lisos, já maduros de velhos e sem quaisquer condições e, talvez até, sem inspecção periódica obrigatória. É caso para dizer: "quem nos acode".
Assim como é por "aqui" será por aí. E quando alguém diz que está mal, por mais razão que possa ter, todos lhe tentam cair em cima.
Parece que, todos, temos que parar para pensar, porque assim estamos a conduzir os nossos jovens para um beco sem saída e, como diz e muito bem, o nosso País.
As pessoas apenas se movem por interesses pessoais, procurando apenas o seu bem-estar mesmo que à custa do prejuízo dos outros.
O pequeno Leandro, decidiu assim. Poderia ter decidido de outra forma. Poderia ter-se tornado num criminoso. Se assim fosse culpariam os Pais alegando que não o tinham educado, ignorando o que tinha estado na base da sua decisão.
Continuaremos assobiando para o lado, ignorando as reais carências das pessoas e a situação a que chegou a nossa EDUCAÇÃO e a justiça, principalmente.
Agora, apenas ambiciono viver o resto davida que me falta com alguma dignidade, contudo, estou bastante preocupado com os mais novos.

Que não lhe falte a coragem e persistência.

Daqui, com alguma saudade, Lhe mando um abraço de amizade, confiante que continuará a dar o melhor de SI mesma.
Bem haja.







Joaquim Rodrigues a 16 de Março de 2010 às 15:58

Sr. Joaquim:
Sempre me deixa boas palavras e vai me dando forças para não desistir...E se há dias em que me sinto mais desanimada, o impulso para desistir não permanece dentro de mim durante muito tempo.
Afugento-o!
Que for consciente não pode alijar responsabilidades e tem que as assumir.
Se não, sobra quem?
Os que não se importam com o rumo do mundo?
Não pode sedemos ficar nas mão deles, pois não?
Quanto a si, conheço o imenso que faz e os bons exemplos que dá.
E numa profissão onde é difícil manter as ilusões na boa faceta da humanidade...
E no, entanto, continua a indignar-se e isso significa que ainda não desistiu.
Bem-haja, também.
Bom Domingo e um abraço amigo.
Marta M
Marta M a 20 de Março de 2010 às 18:35

e a historia de Alice, lá continua....
no
... continuando assim...

mais logo, um novo capítulo

um obrigada a quem segue (porque só vale a pena assim).

Um especial convite, para quem ainda não mergulhou naquela história.
...é só uma história, apenas isso.

obrigada
e até logo
Bj
teresa
teresa a 17 de Março de 2010 às 15:15

Teresa:
Obrigada pela sua visita e pelo seu convite.
Assim que puder, mergulho na história com o vagar que ela me parece merecer.
Até qualquer hora
Marta M
Marta M a 20 de Março de 2010 às 18:37

Olá, Marta!
Confesso-me leigo demais nests matérias das indicisplinas actuais.
Porém, sou do tempo em que os homens usavam calças, e as mulheres, saias.
Ambos, na sua missão de professores também se olhavam interiormente para saberem se teria valido a pena terem abraçado tal profissão, ainda por cima, uma das mais mal pagas e sem quaisquer regalias.
Olhava-os com muito respeito, nunca com medo, porque eram o simbolo de uma cultura que só poucos tinham dinheiro para a alcansar.
Entendeu-se democratizar o acesso à cultura, tudo bem, até aqui.
Depois resolveu-se obrigar qualquer bicho-careta a ser doutor, à viva força «violentamente», isto é, ir além das suas alpercatas quando, na maioria das vezes, nem chinelas tinham, para não se aleijarem pelos seus próprios meios.
Actualmente, com este sistema de ataques, à honra e cidadania, dos concidadãos, desde o Presidente da República, até ao mais humilde trabalhador do campo, apanágio desta nossa Democracia, promulgou-se a lei da selva em tudo quanto é sitio...!
Lá em casa, quem manda é um dos progenitores. Aquilo que ele diz e manda fazer, é lei irreversivel.
Se ambos, pai e mãe, são dados à maledicência, à violência verbal, quiçá violência fisica, a meninada, nada e criada num ambiente destes, tornam-se nuns bons executantes desta partitura parental!
No meu tempo também existia desta escumalha, mas por temperamento e regras de um bom e são relacionamento, com todos à minha volta, fiquei imune a esta estirpe viral, tão sem cura, à primeira vista, quer nessa altura, muito menos hoje.
O palavrão, cujo uso se democratizou, começou a ser usado, como acompanhamento preferencial, no linguajar diário, entre doutores e não doutores, mulheres e homens.
A indisciplina tornou-se acto normal entre todos, adultos, jovens, e nenés!
Ser-se metódico e disciplinado, tornou-se numa aberração social, passou a ser criticado como era, anteriormente, a indisciplina.
As novas gerações serão o fruto desta nova era, a era das escaramuças, da violência, da maledicência, do bota-abaixo, do revanchismo, dos ódios encapotados e, pior um pouco, da democratização dos chamados «crimes de colarinho branco», tão em uso, quiçá institucionalizados!
No futuro ninguém desejará unir-se, em partilha completa, para serem considerados uma familia.
Há que inventar uma nova fórmula da quimica relacional, entre homens e mulheres, entre todos os humanos, em que predomine, além do tal Amor Fraternal Universal, uma Partilha de ambos, mas desinteressada e, muita, mas mesmo muitissima, Paz!
Querida Amiga, deixo assim, bem expresso, aquilo que sinto, como forma de dica, não como um velho que sei ser, mas sim como alguém que, também olha com perplexidade, este desmoronar diário, dos verdadeiros valores do são relacionamento, entre todos nós.
Um beijinho de muita coragem, de quem a segue, diáriamente,
Marcolino
Marcolino a 24 de Março de 2010 às 11:13

Marcolino:
Leveiuns dias a pensar no que escreveu e..no acerto de algumas das suas reflexões.
Concordo (constato) a maioria delas na vida e, pior, no local que supostamente deveria ter o papel de aserradicar da sociedade: A escola!
Esta inversão dos valores assusta-nos - e muito.
Também acho que aliados a todos estes factores, a solidariedade deixa de fazer sentido e a coesão social que começa na família está a desmoronar-se. E isso não anuncia nada de valor...
Não me conformo e tento ser o exemplo contrário.
Gostaria muito que isso fosse referência, pelo menos para alguns...
Aposto nisso para levar alguns bons valores à geração seguinte,
Abraço e obrigada pelo comentário tão lúcido.
Marta M
Marta M a 2 de Abril de 2010 às 11:18

Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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