Sexta-feira, 30 de Setembro de 2011

Imagem daqui:

Estamos na ordem do dia, e não por boas razões...

Não gosto muito de usar o meu blog para a defesa de causas relativas a grupos profissionais ou para defesa de questões muito particulares cujos mecanismos  a maioria das pessoas desconhece, porque desnecessários para quem não precisa de se sujeitar a eles, como eu...

Mas hoje tenho mesmo que falar... 

Quando muitos defendem a  contratação directa de professores pelas escolas, nós os que nos sujeitamos a contratos anuais há mais de 10 anos, ficamos assustados...Sim, assustados porque a  lista graduada nacional e o nosso nosso lugar nela foi algo que levámos anos a conseguir, e km de estrada calcorreados....

A nossa graduação profissional é calculada assim, a partir de uma formula matemática:

1 -Nota de final da Licenciatura + nota de dissertação final de licenciatura na área das Ciências da Educação;

2- Nota de estágio profissional (1 ano de trabalho numa escola, com supervisão de uma colega orientadora e de professores da nossa área científica e das Ciências da Educação e da Pedagogia, externos à escola e pertencentes aos quadros de uma Universidade);

3 - Tempo de serviço prestado até à obtenção da Profissionalização e estágio;

4 - Tempo de serviço prestado após profissionalização em escolas da Rede Pública;

5 - Avaliação de desempenho em cada ano de serviço.

Tudo isto somado e aplicada a fórmula, permite obter uma lista nacional, actualizada em Maio de cada ano.

Todos os anos, o Ministério da Educação, recorrendo a estas listas graduadas , colocava  a pedido das escolas, os professores seguindo as 173 preferências (local e horário) que cada um indicou quando se candidatou a concurso.

Sabendo que nem sempre este método consegue ser absolutamente justo, pelo menos é transparente e pode ser monitorizado por todos nós, (cerca de 15.000 contratados que colmatam anualmente o sistema) na certeza de que, os colegas mais experientes e com melhores avaliações de desempenho, serão contratados em primeiro lugar. Este sistema de contratação serve também, dentro dos seus limites, as escolas e os alunos, porque coloca prioritariamente os professores mais experientes e empenhados.

E serve de garantia de trabalho continuado para todos aqueles que fazem destes contratos anuais a sua forma de vida há 10, 15, 18 anos.

As contratações me OE (Oferta de Escola) vieram baralhar e desrespeitar toda esta hierarquia que muitos levaram anos atingir, ignorando e passando por cima da graduação profissional. Pessoalmente conheço colegas que se sujeitaram a ir para os Açores, ou Madeira, ou a trabalhar a 300, 400km de casa, longe dos filhos, só para ir adquirindo tempo de serviço.

Nas contratações directas feitas pelas escolas, é possível ignorar todos os itens que acima referi e, após uma única entrevista, contratar um recem -licenciado ou até alguém ainda em estágio ou período probatório (conheço pelo menos dois casos). Ora tratando-se de um emprego público (num tempo em que eles escasseiam), pago com os nossos impostos, mais numa profissão onde a experiência é vital, este tipo de autonomia, salvo raríssimas excepções -parece-me excessivo.

E perigoso, pelas razões que todos conhecem e me abstenho de invocar...

E assim têm corridos os anos e as colocações que se baseiam no nosso histórico profissional e que respeitam igualmente a nossa Constituição que refere claramente neste artigo: 

"Artigo 47.º

(Liberdade de escolha de profissão e acesso à função pública)

1.Todos têm o direito de escolher livremente a profissão ou o género de trabalho, salvas as

restrições legais impostas pelo interesse colectivo ou inerentes à sua própria capacidade.

2.Todos os cidadãos têm o direito de acesso à função pública, em condições de igualdade e

liberdade, em regra por via de concurso"

Este ano muitas injustiças foram cometidas, as regras do concurso foram alteradas  a meio do processo de colocações e, muitos colegas experientes, ficaram pela primeira vez, em anos, no desemprego.

Foram descartados e ultrapassados como se não estivessem no sistema há anos a dar o seu melhor sem quaisquer garantias ou agradecimento...

Muito injusto.



publicado por Marta M às 18:46
Quinta-feira, 14 de Julho de 2011

Todos os anos (todos os dias?) a esmagadora maioria dos professores vive com esta apreensão, com esta preocupação - com esta dor de cabeça.

Pensamos estratégias, actividades, mil e uma formas de motivação e de apresentação dos conteúdos aos nossos alunos por forma a tornar o conhecimento mais apelativo e as aprendizagens mais consistentes.

Convocamos e envolvemos os pais e encarregados de educação...

Falamos da cultura e da importância do estudo e da educação para o futuro próprio e da pátria...E alcançamos alguns resultados a pulso e esforço de muitos alunos e  auxílio de grande parte da comunidade escolar.

E depois somos confrontados com estes resultados nos exames nacionais.

E ficamos tristes.

Eu fico.

E questiono-me novamente:

 Fiz tudo o que estava ao meu alcance para combater este flagelo chamado insucesso escolar?

Entretanto o país perde e demora mais a sair do impasse.



publicado por Marta M às 23:34
Quinta-feira, 23 de Junho de 2011

Pois, já faz um ano que escrevi este  post e agora tenho que voltar a fazê-lo...

Nada de novo para o meu coração, nada de novo na minha vida.

O meu coração já se habituou a expandir, a expandir e a criar espaço para os acolher nesses grandes grupos que entram todos os anos na minha vida.

E depois de todos instalados, depois de perceber quem é e o que precisa cada um...Pois chega o dia de partirem e de os entregar novamente à vida.

Sou professora contratada pelo Ministério da Educação, o quer dizer que apesar de ter sempre trabalho anualmente, nunca fico na mesma escola -concorro às colocações cíclicas. E, olhando para o cenário do nosso país, acredito que me reformarei nessa condição...

Mas isso não me preocupa em demasia, havendo trabalho e  alunos para acolher e ensinar, podendo exercer a minha profissão de forma digna, já tenho muito.

Assim foi também neste ano, com tristeza e saudades lá me despedi deles. Lá lhes lembrei, mais uma vez sorrindo,  que podem e devem fazer boas escolhas... Mas depois, alguns olham de forma mais atenta e demorada, devolvem o meu olhar de carinho e, olhos húmidos, não se querem igualmente despedir e eu perco a força, desarmo, e os abraços começam e não se querem desfazer.

E o mais engraçado e compensador é verificar que, aqueles que foram os mais irreverentes, aqueles a quem exigi mais, aqueles a quem ralhei - e, até, coloquei para fora da sala de aula - pois são exactamente esses cujo olhar mais custa a desviar e a dizer "até qualquer dia".

A eles e a mim.

Até a minha turma de alunos PIEF (12 alunos de etnia cigana e dois bebés incluídos na sala) que me deu das maiores dores de cabeça dos últimos 10 anos de profissão (falarei deles com detalhe oportunamente), sim até eles mostraram emoção e tenho a certeza que aprendemos muito uns com os outros durante este ano lectivo.

Na última semana, multipliquei-me em atenções e conversas mais ou menos individualizadas com todos aqueles que, percebi, careciam de um conselho mais assertivo ou maternal. Sim, não queria ser surpreendida como já fui por uma aluna que estava a passar por um verdadeiro drama em casa e só muito mais tarde me apercebi disso...

Agora são as avaliações com a ponderação e rigor que isso implica - nunca confundo estas vertentes e sou sempre exigente neste domínio. Eles bem sabem.

É com esse trabalho que me ocupo nos próximos dias...Mas, dos olhinhos deles, das sua vozes - já tenho saudades.

E a escola está tão silenciosa... :(



publicado por Marta M às 22:20
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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