Sábado, 30 de Julho de 2011

Pessoas pouco exigentes falam sobre coisas,

pessoas comuns falam sobre pessoas,

pessoas inteligentes falam sobre ideias.

Platão - Atenas (348-347 a.C.)

 

Ouvi esta citação há muitos anos, vinda do meu professor de História do secundário.  E retive-a, apontando-a junto a outras no meu diário..

Nunca mais a esqueci e diversas vezes recorri a ela usando-a nas aulas, especialmente com os meus alunos do Secundário, quando estes já revelam maturidade para a entender. Confesso que não havia retido o autor, mas numa pesquisa mais cuidada, encontrei esta referência que me parece provir de um site razoavelmente sólido.

E faz sentido no discurso filosófico do mestre  Platão.

Ontem, por entre vários acontecimentos agradáveis, ela voltou a fazer tanto, mas tanto sentido que não mais me saía da cabeça a pedir que me debruçasse sobre ela e escrevesse.... :)

Pois, é verdade, existem pessoas que encarnam na essência mais pura, a terceira linha deste pensamento.

Existem pessoas que têm uma forma de inteligência e uma arquitectura mental que sempre nos surpreende numa conversa, que nos deixa a pensar e a nossa resposta não fluí. Não ocorre, não se consegue avançar e ripostar depois de ouvir certas ideias. Elas batem cá dentro e não há forma de negar, temos que sair mesmo da nossa "zona de conforto" e largar o discurso socialmente aceite e formatado, como me disse.

 E o acerto subsiste, ecoa continuamente e interpela-nos, quer pela novidade do discurso quer pela lucidez e tamanho de coração.

E também porque nos emociona pela sensibilidade, porque percebemos que mesmo sem darmos toda a informação, mesmo que contornemos continuamente o que nos magoa, e alinhemos repetidamente o "tudo bem"... Existiu alguém que se deu conta - alguém que se comoveu e viu.

Alguém que olhou com atenção para dentro dos nossos olhos...

Alguém que se importou. E para mim já é muito.

Existem amizades preciosas na nossa vida.

Obrigada pela luz meu amigo.



publicado por Marta M às 19:27
Sexta-feira, 22 de Julho de 2011

Às vezes fico a pensar se determinadas atitudes são de coragem ou de covardia..

Por exemplo: Atirar tudo o que penso (ou tudo o que me vem à cabeça) para cima de alguém, limpando a garganta e o coração, é coragem?

Será que tenho esse direito?

Será que despejar sobre alguém sacos e sacos de acusações misturadas com a nossa frustração, faz bem a nós e ao outro? Ou só a nós?

E quando não se deixa passar a oportunidade e, covardemente, aproveitamos a ocasião em que alguém está na berlinda e, portanto, é a um alvo mais fácil e fragilizado e esvaziamos o saco dos assuntos pendentes ...Não será isso covardia das piores?

E quando não temos justificação racional (nem no coração) para um destempero e excesso e escapamos pela lateral, justificando-nos com as palavras e acusações de outros, cruzando abusivamente relações e problemas de 2, em consequências para 4 ou mais?

E quando alguém legitimamente magoado nos pede responsabilidades e justificamos os nossos actos pelas atitudes do outro?
O certo é que cada um é responsável por si, pelas suas palavras... e faz as suas próprias escolhas, digo eu.

De facto, nos últimos tempos, tenho assistido muitas destas fugas, assim...Pela lateral. E com muito barulho e adjectivos associados.

Parecem fortes assim juntos, a tentarem falar a uma só voz...

Mas não será por fraqueza que se associam? Por insegurança?

Pois, nem tudo o que parece coragem o é, de facto.

Nem tudo é claro à primeira, mas se olharmos com atenção e tempo -entendemos.



publicado por Marta M às 18:26
Quinta-feira, 14 de Julho de 2011

Todos os anos (todos os dias?) a esmagadora maioria dos professores vive com esta apreensão, com esta preocupação - com esta dor de cabeça.

Pensamos estratégias, actividades, mil e uma formas de motivação e de apresentação dos conteúdos aos nossos alunos por forma a tornar o conhecimento mais apelativo e as aprendizagens mais consistentes.

Convocamos e envolvemos os pais e encarregados de educação...

Falamos da cultura e da importância do estudo e da educação para o futuro próprio e da pátria...E alcançamos alguns resultados a pulso e esforço de muitos alunos e  auxílio de grande parte da comunidade escolar.

E depois somos confrontados com estes resultados nos exames nacionais.

E ficamos tristes.

Eu fico.

E questiono-me novamente:

 Fiz tudo o que estava ao meu alcance para combater este flagelo chamado insucesso escolar?

Entretanto o país perde e demora mais a sair do impasse.



publicado por Marta M às 23:34
Sexta-feira, 08 de Julho de 2011

Esta tem sido um semana triste e que me tem pesado...

Algumas pessoas têm desaparecido, umas conhecidas, outras que não conhecia mas que aprendi a admirar pelas vezes que entraram na minha casa ao serão da SICnotícias. E parece que já eram visitas habituais e estimadas.

Visitas bem vindas que, ao falarem de si e do pensavam, ampliavam horizontes cá de casa, concordássemos ou não com o que diziam.

Uma coisa nada tem a ver com a outra. Por isso leio e escuto muita gente...

Na semana em que se relembra Saramago e em que as suas cinzas foram, por seu expresso desejo, depositadas junto à raiz de uma oliveira centenária, recorda-se as suas magníficas palavras e sobre elas se faz luz, mais do que habitualmente: "Não subiu às estrelas, se à terra pertencia.."

Exactamente: voltou à terra - no sentido mais literal do termo.

E mais humano também.

E o mais extraordinário é que Saramago sendo um ateu confesso, pois escreveu e viveu com uma espiritualidade que faz inveja ao ortodoxo mais praticante...

Não militando na visão do céu, do inferno, de Deus ou da eternidade prometida, Saramago eterniza-se da única forma que os seus sentidos lhe diziam ser possível: Fundindo-se com a natureza.

Transformando-se e dando lugar a outra forma de vida.

As suas células irão fertilizar aquele chão, alimentando aquela árvore centenária (eterna?) e as flores e ervas que  por perto hão-de, certamente, nascer.

E um pássaro, uma abelha, o vento, (uma mão?) espalhará as sementes que hão surgir e hão de alimentar outros corpos que hão de fazer também o seu percurso para a terra e...o ciclo nunca será interrompido.

Até ao fim dos tempos.

Sei isso não é uma forma de ser eterno...

 

Nota: Já leram esta crónica amigos? Coragem e ética que fazem história e uma mulher que fica no coração.



publicado por Marta M às 18:38
Sexta-feira, 01 de Julho de 2011

Hoje foi dia de matrículas na escola. Sinónimo de papeis, alunos e pais com pouco tempo e muita papelada para preencher.

Eles e nós.

Saí cedo de casa, mais porque o depósito do meu velho carrinho, atestado quase sempre com mínimos, estava com o aspecto que se aprecia na imagem.

Claro que havia fila, mas enfim, também sol e notícias apelativas na rádio. Fui o terceiro carro da minha fila e aguardei a minha vez com boa cara- que remédio.

Na fila ao meu lado duas carrinhas de trabalho aguardavam, parecendo igualmente conformadas.

Pois, conformadas demais para o terceiro carro, um mini-morris que, perante a demora do arranque do primeiro carro, ultrapassa os dois pela direita e, com a agilidade de movimentos que um carrinho desses permite, encaixa o carro, ignora  as insistentes e furiosas buzinadelas e dispõe-se a atestar...

Nesse momento um dos ocupantes dos carros ultrapassados sai do carro e, à distância, protesta - esbracejando.

Resposta da condutora do Mini?

Esta: -"Que querem? Mexam-se, mexam-se! Porque eu tinha espaço e avancei..Já que ninguém parece querer meter!" 

E continuou:"E tenho que trabalhar!!"

Sem se incomodar, a jovem, que tinha uma cadeirinha de bebé vazia no carro, continuou descaradamente a abastecer o carro encima dos seus pouco mais de 50kg e da sua altura pouco impressionante.

Claro que se instalou a confusão e a troca de impropérios crescia.

Eu que estava a menos de 3m dela a abastecer o meu carro em fila paralela, pois devo ter feito uma cara de espanto tal que, do nada, encara-me desafiadora: - "Qual é o problema?!!"

Muitos, demasiados, pensei eu...Mas não lhe respondi.

Apenas abanei a cabeça em sinal de reprovação e nada me ocorreu de substância ou validade, tal foi a minha surpresa...

Às vezes ficamos sem palavras perante a grosseria. A mim acontece-me imenso. Infelizmente.

Não sei como se resolveu a questão, era tarde e o meu pré-pagamento efectuado na bomba abreviou a minha permanência por ali...

Mas no caminho da escola fui dando comigo a pensar que as aulas de Formação Cívica leccionadas nas escolas deveriam ser mais numerosas e insistentes.

E que deveriam ser extensivas a alguns pais. Obrigatoriamente. {#emotions_dlg.sidemouth}



publicado por Marta M às 22:46
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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