Sábado, 28 de Maio de 2011

A propósito de um texto sobre coragem...

 

Fiquei a pensar sobre a coragem que implica entregar o nosso coração e, depois perceber que já não nos podem devolvê-lo, porque o partiram.

E nós continuamos a deixá-lo na mão de alguém..

E porquê? Porque ficámos cativos, porque nos viculámos  um dia - por alguém , por um projecto, por quem nos pertence de direito, por um sonho...

E passam os anos, a vida continua e, cheia e exigente distraí-nos, mas o coração demora a avançar, demora a deixar de desejar, a deixar de sonhar que podia ser diferente.Demora a aprender.

 E reivindicamos.
Porque sabemos que merecemos amor e demos o melhor de nós - o que podíamos e até o que não podíamos.

E agora...?

Será precisa a mesma coragem para aceitar que o amor não tem o poder que lhe atribuímos, nem sempre é redentor, nem sempre é entendido.

Nem todas as vezes resgata.

Nem sempre quem o recebe tem, verdadeiramente,  coração aberto e acolhedor.

Não é qualquer coração que entende ou retribui...

Depois é só dizer que não se entendeu, ou sair pela lateral a dizer que não se lembra bem...

Ou que não foi bem assim.

Foi, o nosso coração sabe...

Cada coração aprende apenas por si mesmo, porque não se consegue mudar um coração a não ser a partir de dentro.

Só se pode dar  exemplo e tempo, confiar e preservarmo-nos, enquanto cada um faz o seu caminho.

E acreditar que- talvez - em outro tempo, finalmente, nos encontremos.

Isso sim, aceitando que, em certas vidas, o caminho não é em linha recta.

Hoje, data importante e cumulativa para mim, os limites da condição humana, já não devia surpreender-me, pois não?

Lenta esta minha aprendizagem...



publicado por Marta M às 11:38
Sábado, 21 de Maio de 2011

Visite aqui: Movimento 560

Temos uma amiga muito querida cá de casa que está de visita à Alemanha.

Sim, à Alemanha, aquele país que tantas dores de cabeça e desarmonias sérias tem provocado à Europa e que a História demonstra à exaustão...

Curiosa eu, muito tenho perguntado sobre paisagens, hábitos e gastronomia. E sobre supermercados.

Sim, os supermercados são excelentes laboratórios sociológicos para se ler a realidade de um país.

Basta estar atentos às pessoas e aos seus hábitos de consumo numa caixa registadora e muito se percebe sobre as finanças, educação e cultura de uma população.

Pois esta jovem tem nos contado algumas particularidades dos Alemães. Que são altos, loiros, de olhos azuis, e particularmente pretensiosos -pois já se sabe.

Mas que, comprovadamente, são também um bom exemplo no que conserne à educação, organização e produtividade. 

Tudo boas práticas que fazem falta cá ao burgo. 

Conta-nos esta amiga que em qualquer corredor de supermercado, existe uma variedade enorme de produtos à disposição, sejam copos, massas, carnes, enlatados, roupas, carnes, bebidas..Mas que, quase 90% dessa oferta, provém da indústria alemã.

Aqui temos o inverso, pouquíssimo apoio às indústrias portuguesas, para além do provincianismo de que, inúmeras vezes, sublinha que "o que é importado é superior".

Não sou adepta deste Mercantilismo puro e definitivo como solução para qualquer país, até porque é evidente que, economicamente, este tipos de isolamento não é suportável a longo prazo mas que, como solução temporária e de recurso, é importante praticar ciclicamente.

Por isso, fórmula vencedora, recomenda-se.

Consumamos produtos portugueses sempre que existir essa possibilidade, façamos um pequeno esforço para estar mais atentos a essa possibilidade da próxima vez que formos às compras.

Preservemos os empregos dos portugueses e incentivemos a indústria nacional nesta fase tão difícil que atravessa o nosso país.

Portugal conta, também, connosco.

 

Nota: Este post resultou de uma apelo recebido da minha amiga Rute :)



publicado por Marta M às 18:49
Domingo, 15 de Maio de 2011

 

Fossem meus os tecidos bordados dos céus,
Ornamentados com luz dourada e prateada,
Os azuis e negros e pálidos tecidos
Da noite, da luz e da meia-luz,
Os estenderia sob os teus pés.
Mas eu, sendo pobre, tenho apenas os meus sonhos.
Eu estendi meus sonhos sob os teus pés
Caminha suavemente, pois caminhas sobre meus sonhos.

 

William Butler Yates - 1880

 

Às vezes apetece agarrar no braço de alguém e pedir-lhe que vá devagar, que "pise" com cuidado, que não se esqueça que, em baixo, estão os nossos sonhos...

Um dia escutei que uma pessoa pode ser/ficar "quebrada" e achei estranha a expressão.

Anos mais tarde, entendi-a.

Ainda hoje, tanto tempo depois - tanta vida vivida -continuam as rachas apesar da "cola" e dos remendos de crescimento que já levou.

Estranho o nosso coração...

Há mesmo palavras que não se deviam pronunciar...



publicado por Marta M às 16:12
Domingo, 08 de Maio de 2011

Esta semana foi intensa de trabalho na escola, tivemos uma série de actividades a cuja logística foi preciso dar resposta técnica, o que significou que na 6ªf,  por exemplo, montámos e desmontámos um palco por duas vezes, tentando perceber se o tempo ia ser nosso cúmplice e podíamos realizar a nossa actividade no pátio da escola. Não foi, como se sabe.

Por isso, todo o trabalho de montar e desmontar palco, cadeiras, colunas, decorações, barraquinhas de comida e de outras temáticas, foi extremamente físico, exigente e demorado. E nessa empresa morosa de repetir gestos e carregamentos, mãos ocupadas, o pensamento ficou livre.

E quando passamos uns pelos outros pela 20ª vez, pois concentramo-nos na tarefa que nos cabe e a mente voa...E eu a aproveitar para arrumar ideias...E indagações.

Por isso, entre idas e vindas, fui recordando e dando sentido a estas palavras sábias, lidas no dia anterior, do livro do kabat Zinn que me acompanha,  que me ajuda a pensar e que hoje partilho aqui com muito gosto:

"O espírito de indagação é fundamental para viver em consciencialização. Indagar não só uma maneira de resolver problemas.

É um forma de se certificar que permanece em contacto com o mistério básico da vida em si e da nossa presença aqui.

Quem sou eu? Para onde vou? O que é que significa SER? Qual é o meu papel no planeta?

Indagar não quer dizer procurar as respostas, especialmente rápidas que surgem do pensamento superficial. Significa perguntar sem esperar respostas, apenas ponderar a pergunta, transportando a dúvida consigo, deixando-a infiltrar-se, borbulhar, cozinhar, amadurecer, entrar e sair da consciência(...).

Indagar significa fazer perguntas incessantemente.

Será que temos coragem de olhar para algo, seja o que for, e perguntar: o que é isto? O que é que se está a passar?

Implica olhar profundamente durante um período contínuo,perguntar, perguntar.

Quais são as ligações? Qual seria a solução mais feliz?

Indagar não é tanto pensar em respostas, embora as perguntas produzam muitos pensamentos que se parecem com respostas.

Aquilo que implica realmente é apenas ouvir o pensamento que a pergunta invoca, como se estivesse sentado ao lado de uma corrente dos seus próprios pensamentos, a ouvir a água correr por cima e em volta das pedras, a ouvir, a ouvir e a observar uma folha ocasional ou um ramo que esteja a ser levado."

Engraçado como a meditação também pode ocorrer entre tarefas mecânicas, ou  partir de uma focagem mais centrada em qualquer actividade (como me lembrou a minha amiga Manu há algum tempo)...

Basta que estejamos um pouco mais silenciosos e concentrados e deixemos a mente viajar, permitindo que os pensamentos se apresentem a nós...

Sem os tentar controlar.

É um exercício muito interessante e pacificador....

E a tarefa, repetitiva e desinteressante, ficou muito mais leve e rápida.

:)



publicado por Marta M às 19:20
Domingo, 01 de Maio de 2011

Existe mais de uma forma de ser mãe.

Mas ser mãe é sempre ser exemplo. De trabalho, de amor, de talento, de força, de caracter, de bondade...Ou de outros menos positivos, infelizmente.

Daí a enorme responsabilidade.

Por isso fica aqui este postal em branco, aberto, por preencher...Cada um escreverá o que sentir ser justo.

Porque, sinto muito, já não embarco em poemas aplicados a todas as as mães do mundo.

Já vi e vivi demasiado, na vida e na escola, para alinhar nesses violinos a tocar para todos....

Para ser mãe, ou pai, não basta ter filhos.

Não basta querer, não basta alimentar, comprar roupas bonitas ou todos os telm e carros disponíveis -é preciso ser capaz fazer um esforço quase sobre humano em alguns dias.

É preciso deslocar o nosso coração para fora do peito...

É preciso ter coragem de vencer o nosso ego e ter os filhos para a vida, não apenas para nós. Ou para nos preencher uma lacuna ou a falta de atenção e orientação de que possamos ter sido carentes na infância.

É preciso vencer o nosso egoísmo que permite que sejam dependentes, para que sempre precisem de nós e assim garantir a sua permanente proximidade, ainda que notoriamente por "necessidade"deles, não por amor puro, reconhecimento ou companheirismo.

É preciso respeitar os filhos profundamente para nunca- mesmo quando eles ainda são pequenos e não se dão conta- os coloquemos em segundo plano, ou os utilizemos como armas de arremesso ou corrompamos o seu carácter em nome seja do que for. Ou pior, a sua autonomia ou o seu futuro como pessoas inteiras e responsáveis.

É preciso ser mãe de coração aberto, e amando-os o suficiente para tudo fazer que permita que a sua vida seja melhor que a nossa - em todos os sentidos.

E para se ter uma boa vida é preciso fazer crescer em vários sentidos.

Amá-los é deixar que isso aconteça e deixá-los ter futuro, não atrasar o seu crescimento ou a sua formação, que há de contribuir (aposto nisso) para que este mundo seja um lugar melhor com a sua vinda.

Permitir que os filhos deixem a sua marca positiva, ainda que modesta, neste mundo onde tantos fazem e repetem os mesmos erros é a central inspiração do meu papel de mãe.

Quando um dia fechar os olhos, gostava de levar esse amor e esta certeza...

Bom dia a todas, especialmente à minha



publicado por Marta M às 13:18
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
Maio 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

16
17
18
19
20

22
23
24
25
26
27

29
30
31


Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
pesquisar neste blog
 
subscrever feeds
blogs SAPO