Terça-feira, 29 de Junho de 2010
Encontrei esta imagem na internet googolando (já existe o verbo?)...
E ela ilustra algo que me ocorreu hoje quando, ao receber os pais para formalizarmos as matrículas dos seus filhos, estes faziam-nos a entrega dos documentos pedidos e das suas condições de vida...
Sim, ao instruirmos e cuidarmos dos seus filhos durante uma ano inteiro, ao fazermos a sua avaliação e transmitirmos esse conhecimento à suas mães (falo de mães porque são 90%, dos encarregados de educação que nos procuram) com um certo acerto, penso que as tranquilizamos, confiam em nós, a abrimos espaço para que o seu coração fale.
E falam, e contam e confiam em nós. E confiam-nos a saúde mental dos seus filhos e isso, sabendo como são algumas mães...É muito.
E contam histórias que já intuíamos e pedem o nosso conselho e ajuda, e nós sem saber todos os dias o que fazer com os nossos ou com a  nossa vida, ouvimos com respeito e resguardo.
E percebemos melhor os nossos alunos.
Mas ao escutar histórias tão semelhantes, de divórcios, de abandonos, de dificuldades financeiras, de novas relações e novos arranjos familiares que ainda se mostram piores que os que lhe deram origem,  potenciados que são pela dificuldade natural em confiar em novas pessoas que, de repente, se instalam lá em casa...E em momentos em que ainda nos adaptamos à nova situação.
E está lançada a receita para reproduzir na próxima geração as carências emocionais desta e criadas as condições para que estes jovens passem  vida interia a tentar compensar este tumulto que virou a sua vida...
E vou me perguntando porque essa pressa em substituir alguém, em reocupar a casa e...a família. Ou em criar novas famílias, diria melhor.
E vou olhando para aquele buraco para onde todos se parecem dirigir e onde todos vamos caindo num momento ou noutro da nossa vida, e pergunto-me: Ninguém o vê?
Há situações que não podem dar certo, há situações que se repetem, mudando apenas os rostos, e acabem sempre igual. É só olhar à volta.
Porque a atitude não mudou, nem se aprendeu nada com o acontecido.
Será que um pouco de calma nos nos aconselharia perceber que  é necessário um tempo para  parar e avaliar a nossa nova circunstância e dar-lhe tempo para que esta assente em nós e nos nossos filhos antes de a querer "mascarar/mudar"  com tanta pressa?
Será medo do vazio ou da solidão?
Vejo as crianças no meio desta experiências que nada têm a ver com elas...E maior parte das vezes parecem que "sobraram" de uma história velha e agora são "encaixadas à força" numa história que não é delas...
No início (e durante bastante tempo, quer gostemos quer não) elas só querem perceber o que lhes aconteceu e manter as pequenas rotinas e o que sobrou do que foram como família - é o único que lhes resta do que sempre conheceram. E precisam desse período de transição, acreditem-me.
Por mim davas-lhes mais tempo para que se adaptassem antes de voltar a virar-lhes o mundo do avesso.
Mas isso, claro, só eu a pensar alto, a partir da minha experiência como pessoa.
Não sendo a resposta definitiva para nada, gosto de a partilhar.


publicado por Marta M às 14:56
Domingo, 20 de Junho de 2010

 

 

 

É esta a frase que ano após ano, escrevo, ao despedir-me deles, no quadro negro, na minha última aula em cada turma.

Porquê?

Porque no fim tudo se há de resumir a isso. Às escolhas que em cada momento cada um daqueles jovens há de fazer...

E hão de fazê-las por recurso à cultura que têm e à informação que tiverem acesso.

E à sua circunstância, claro. Mas isso já eu não posso influenciar para além de um certo limite...

É por isso que procuro ensina-los a pensar a partir e para além dos conteúdos programáticos..

A noção clara da  instrumentalidade dos conhecimentos que lhes vou tentando passar devem, para além de todos os dados e datas, permitir que tenham do mundo uma visão geral e organizada que lhes permita interpreta-lo, interagir com ele de forma assertiva e permitir que se tornem cidadãos conscientes e...interventivos. Sim interventivos, porque o mundo é principalmente o que nós fazemos dele e não somos meros espectadores.

 Ou não podemos ser, diria melhor.

Fiz uma proposta aos meus alunos do 9º ano, nestes termos:

"Já se sabe que a melhor forma de aprender é aprender fazendo.

Assim e porque a História deve fomentar o teu espírito crítico e contribuir para a construção da tua cidadania plena, proponho que reflictas sobre os conteúdos leccionados nas nossas aulas e, a partir dos factos e da tua reflexão sobre eles, fales sobre a paz e sobre a tua/nossa responsabilidade na sua construção e manutenção.

 

Questão Orientadora: “ O que aprendi sobre a Paz ao estudar as duas Guerras Mundiais do Século XX.”

 

Os alunos agarraram na ideia e, mais ainda, quando acrescentei à proposta a ideia ilustrativa de, nesse dia, fazermos uma exposição na escola e  virmos todos vestidos de hippies, recriando um certo ambiente (com reservas, claro) à Woodstock (com violas, pandeiretas e a rádio escolar) e oferecendo flores e música a toda a comunidade escolar. A actividade foi um sucesso e eles para além dos trabalhos exposto (Cartazes, dossier, Powerpoints, etc) o espírito de "renovação" e de esperança dos anos 60 e dos seus Movimentos Cívicos, entrou nas suas mentes e impregnou o seu vestuário e quero acreditar, os seus corações...

Mas o mais bonito foi verificar o quanto aprenderam sobre a vida e sobre a humanidade que todos partilhamos a partir do estudo dos temas do programa e deste trabalho final.

A história, repito-o deve ensinar o valor de cada homem e a dimensão que pode tomar o seu seu contributo pessoal, ou que existiram soluções melhores que outras e que as crises já existiram e foram, de uma forma ou de outra, ultrapassadas. E que, como em tudo na vida, há que relativizar e dar a cada questão o seu tamanho, mas principalmente, às vezes, tempo ao tempo.

Provavelmente no próximo ano não estarei com eles ( o nosso agrupamento foi extinto e eu mudo de escola) mas acredito que ficou lá uma semente que há de florir...

Mesmo que eu não presencie, sei que, numa ou noutra altura, estas aprendizagens hão de ser-lhes úteis.

Deixei-os sair da sala com essa certeza.

;)



publicado por Marta M às 16:28
Quinta-feira, 10 de Junho de 2010

Assim me sinto: vergada por um vento suave e contínuo...

Que não me quebra, mas torce...E não mostra vontade de deixar de "soprar".

A saúde já a sinto a cada dia mais próxima, o resto teima em se fazer presente e vai entranhando cá dentro...Cada dia mais profundamente.

E eu a teimar em manter-me à tona...

Não são tempos fáceis, nem materialmente, nem familiarmente.

Algumas pessoas têm o dom de complicar e dificultar os caminhos, particularmente os alheios...Como se, ao complicar o "caminho" dos outros, pudessem nesse processo ir "roubar" as energias e a atenção que não conseguem gerar sozinhos dentro de si.

Sei que procuram como todos nós, a luz nas suas vidas, mas limitam tanto a qualidade de vida dos outros que chega a ser revoltante viver e assistir às situações.

Hei de recuperar-me, é questão de tempo retomar a minha vida no caminho de crescimento e aperfeiçoamento de sempre.

Obrigado a todos por todo o carinho e cuidado.

Foi bom ter contabilizado tantos amigos!

Contem comigo.

Fraquinha, mas contem ;)

Marta



publicado por Marta M às 21:20
Quinta-feira, 03 de Junho de 2010

Sempre acima dos 39º

 

Amigos:

Desta vez foi a sério. Abusei do meu organismo e ele mandou factura (estarão a pesar-me os anos?).

Há cinco dias que estou de cama, estive a oxigénio (as minhas gaseometrias estavam muito baixas), um dia inteiro nas urgências  a soro e a antibióticos (e continuarei por mais duas semanas) pois o diagnóstico foi forte: Pneumonia.

Faltarei todas esta semana às aulas e nem tempo tive de me despedir dos meus alunos do 9ª ano...Algo muito triste para mim.

Tenho muita tosse, estou extremamente cansada e tenho que guardar repouso, mas darei notícias.

A todos os que se preocuparam por mim - Um obrigada do coração!

Quem tem amigos nunca está sozinha, disse-o a um amigo muito presente e atento esta semana e repito-o aqui, por ser a mais pura verdade.

Prometo ficar boa ;)



publicado por Marta M às 10:55
Vejo o mundo, somo o que me acontece, vejo os outros, as minhas circunstâncias....Escolho caminhos e vou tentando ver o "lugar" dos outros
Afinal quem penso que sou..
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Aviso:
As imagens que ilustram alguns posts resultam de pesquisas no google, se existir algum direito sobre elas, por favor,faça-me saber. Obrigada.
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